De
feirante a militante estudantil
Aos sete anos
ingressei na escola de 1º grau Santo Afonso
no bairro do telegrafo em Belém, uma escola rígida ainda administrada pelos
padres redentorista.
Estudava de tarde e de manha ajudava meu tio Edmilson, foi na feira que convivi com todos os tipos de pessoas, ideologias e preferências futebolísticas.
É nessa relação de
amizade com os clientes do comercio do meu tio, a cada dia armazenava em minha
mente o valor do “silêncio”, escutar sempre e cada conversa não impor o que
acreditava e sim saber ser o bom vizinho.
A feira foi uma escola de vida dos 12 anos até a adolescência convivendo em harmonia com os vizinhos dando bom dia e ao mesmo tempo parando para escutar, de casa para a feira localizada atrás da agencia dos Correios era um percurso que fazia todos os dias.
Na escola não era diferente particularmente nunca sobre de bulling também nunca incentivei meus colegas a fazerem isso com os outros, desde cedo aprendi a respeitar as diferenças.
Os Padres Redentoristas eram severos e rígidos,
nosso ensino religioso era padrão até eu questionar com a professora o porquê
tinha que estudar a religião católica, imediatamente foi à diretoria e tive que
ir ao confessionário rezar como forma de punição, ao poucos ia me afastando da
religião, ao começar a frequentar a biblioteca da Universidade Estadual do Pará
e aos treze anos li desde o manifesto comunista, iluminismo, renascença, Martinho
Lutero, Florestan Fernandes, Paulo Freire e Karl Marx e sua obro “O
capitalismo”. Tornei-me um esquerdista forjado nas leituras.
Estas escolas da vida
me proporcionaram uma breve reflexão onde estou e porque estou.
Ainda pré-adolescente
era questionador, lia muito, mas devido eu ser reprendido pela direção da
escola fique com certo trauma de falar de imediato o que pensava, aprendi a
arte de Sócrates responder através de outra pergunta, isso me evito de arranjar
inimigos, porque mesmo que não concorda-se com o que o colega de sala falava eu
defendia o direito dele falar.
Logo fiquei amigo dos
lideres da turma que eram os mais velhos, isso me forjou a ser liderança pelos
meus atos, quando um colega de cor morena foi alvo de risos irreverentes de alguns alunos mais velhos do ginásio, eu
vi de longe sai da sala de aula e encarei eles, quando vi ao meu lado estava
mais de dez colega de sala e entre eles os nerds que tiraram os óculos para
briga, acabamos todos na direção da escola.
São lições que
tiramos ao decorrer da vida, aprendemos a cada dia e a cada momento, onde o
silencio vale mais de que mil palavras.
Mais saber fazer
alianças é muito importante para sobreviver neste regime capitalista, meu
reencontro com Deus veio após um breve inverno...
Ao começar a entender
como funcionava a politica e seu sistema eleitoral, comecei a passar da teoria
a pratica, nas manifestações de oposição ao Governador Almir Gabriel da época e
suas desastrosas políticas neoliberais.
Assistir uma palestra
aos 17 anos do ativista político Professor Babá, ex Parlamentar do PT e
fundador do PSOL, onde aderi ao trotskismo e passei a militar no movimento
estudantil em históricas passeatas estudantil, invasões da ALEPA, SEDUC contra
as privatizações, contra ALCA, FMI entre protestos e balas de borracha.
Era um pé na escola e outro nas passeatas até ser eleito em 2005 Conselheiro Escolar da E.E.E.M Magalhães Barata.
Pensei que meu ciclo tinha encerrado mais férias parra que abraçou a militância social e politica não existe.
Ao ser eleito numa disputa de doze alunos, percebi que tinha que viver com intensidade tudo e abracei nesta vida a bandeira vermelha.
Meu olhar não era o
mesmo daquele aluno Afonseano, meu olhar era crítico a situação que vivia,
sentado a beira do Guamá após uma radical eleição DCE-UFPA, onde fomos apoiar e
fomos derrotados, após algumas doses de heroísmo e fumaças ideológicas em uma
rodada de idealistas sonhadores, vi que nossa luta não era em vão, mais
precisava saber articular e não me fechar precisava pensar e me atualizar e não
acreditar na mídia gráfica que davam para a gente ler precisa mergulhar em
outras fontes ideológicas, mantendo mesmo perfil e a mesma luta.
Precisei caminhar e
pensar precisou olhar para o horizonte e adotar estratégias para sobreviver
numa caverna onde os leões querem te devora a todo o momento.
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