terça-feira, 18 de junho de 2024

 

MINHAS PESQUISAS

SOBRE GURUPÁ AOS 18 ANOS

No ano de 1998 pesquisei no rio Mararú na zona rural de Gurupá a extração de açaí, depois da decadência da produção de palmito em conserva e da exploração de madeira, a ausência das fabricas e madeireiras, veio o novo eldorado o ouro dos gurupaense. 

A colheita do açaí é praticada por muitas famílias, sendo destinado ao consumo familiar como para a venda, utilizando mão de obra na sua grande maioria masculina normalmente jovem. 

O trabalho é frequentemente realizado por duas pessoas, uma para subir nos açaizeiros e colher os cachos e outra para debulhar os frutos, colocando o açaí em peneiros. 

Quando para o consumo, em que a quantidade colhida é menor, os cachos podem ser debulhados em casa com a ajuda das mulheres. 

Muitas crianças (meninos, principalmente) a partir dos 12 anos, já participam desta atividade, tendo a vantagem de poder subir nos açaizeiros mais finos que não suportariam o peso de um adulto. 

Os açaizais de onde se extraí o fruto situam-se principalmente nas margens dos rios e igarapés, 

Mais só depois da organização do sindicato dos trabalhadores rurais de Gurupá, os posseiros passaram a ter consciência ambiental. 

Nestas limpezas de açaizal, a área é roçada, retiram-se cipós e plantas trepadeiras agarradas às touceiras do açaizeiro, cortam-se os estipes mais altos, que já não suportam o peso de uma pessoa, permitindo-se assim uma maior penetração dos raios do sol. 

No passado houve intensa extração de palmito por palmiteiros as áreas de açaizais foram muito reduzidas, com isto poucas famílias dispõem de uma produção suficiente para a comercialização.

A safra do açaí, nesta região ocorre de março a agosto, a presença de marreteiros, no período da safra percorrem o rio Mararú comprando o açaí que é destinado principalmente ao mercado de Breves. 

Estes atravessadores entregam os paneiros na tarde do dia anterior ou pela manhã e recolhem a produção nos portos das casas até o início da tarde, aproveitando para vender alguma mercadoria. 

O preço pago pela lata do fruto de açaí é bastante variável de atravessador para atravessador variando até numa mesma de localidade. 

A venda do açaí, principalmente no início da safra, quando os preços são mais elevados, permite às famílias a acumulação de capital suficiente para a realização de investimentos, como motores a óleo diesel que serve de gerador de luz, motores rabeta para pequenas embarcações e aquisição de parabólica, produtos de serventia ao modo de vida dos ribeirinhos. 

Quando viajava no barco da família observava grandes geleiras ancoradas às margens do canal de Gurupá, barco de menor porte adaptados a barcos de pesca com redes de pesca, as atividade pesqueira no município de Gurupá no ano de 1998, nesta época é caracterizada de forma artesanal, onde os transportes utilizados para pescar e para se locomover são o barco (com capacidade de armazenamento de aproximadamente de uma tonelada), o casco ou canoas (praticamente todas as casas possuem em torno de uma ou duas canoas para seu transporte); 

Hoje é raro encontra esse tipo de transporte, nos trapiches, encontra-se uma nova embarcação popularizada com “catraia”, uma embarcação pequena embutida por um motor rabeta de 5hp, por sinal muito veloz, nos rios da grande ilha de Gurupá. 

A atividade pesqueira em Gurupá é voltada ao consumo familiar e a comercialização, sendo afetada por pescadores de outros municípios. 

Os peixes capturados que ganham expressivo destaque à comercialização são os grandes bagres migradores: dourada (Brachyplatystoma rousseauxii), piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii) filhote (Brachyplatystoma filamentosum), e independente de não ser bagre a sarda (Sarda sarda), a pescada (Plagioscion spp.) e o pacu (Methynnis spp.) também ganha espaço neste cenário, porém em menor dimensão. 

Pesca-se também o aracu (Leoporinus agassi) e o acará (Aequidens spp.), contudo são destinados ao consumo familiar e comercializados em pequena escala no mercado municipal. 

Ocorre também a pesca do camarão regional (Macrobrachium amazonicum), que nos períodos de junho a dezembro. 

É realizada, sobretudo com matapi, uma armadilha de talas de jupati (Raphia vinifer) que juntamente com uma isca feita de farelo de babaçu (Orbinya speciosa) a “poqueca” serve à captura de camarão. Estes matapis são confeccionados na própria região, 

Destacam-se também para a pesca de peixes no igarapé denominada tapagem com malhadeiras e pari( feito de tala de bambu, tecido com cipó), esta pesca artesanal é feita por familiares e membros da comunidade. 

Foi com 18 anos de idade em uma viagem de mais de 24 horas de Belém para Gurupá, de barco, deitado na rede, passando pelas belezas da ilha do Marajó, em Breves e seus rios e estreitos, movimentados de barcos de diferentes calados, vilas e povoados, casas cobertas de palha à beira do rio.

diário pessoal de GILVANDRO TORRES

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