domingo, 20 de agosto de 2023

 

PESQUISA DO MUSEU EMILIO GOLD REVELA GRANDE DESCOBERTA ARQUEOLÓGICA EM GURUPÁ NO ESTADO DO PARÁ

Gurupá está localizado na confluência dos rios Xingu e Amazonas, no arquipélago do Marajó. 
O município possui pouco mais de 31 mil habitantes (IBGE, 2014) e “já foi uma localidade central nas principais transformações históricas da Amazônia, desde a colonização europeia até a época da borracha, depois da qual houve uma grande decaída populacional e econômica da região. 
Com apoio da Prefeitura Municipal de Gurupá, os trabalhos arqueológicos iniciaram na Reserva Ambiental do Jacupi. Helena Limaafirma que a região de Gurupá possui mais de cinquenta sítios arqueológicos identificados e estima que haja um número muito maior de sítios ainda não descobertos. 
Vários materiais já foram coletados como cerâmicas, carvões e amostras de solo, de diversas épocas. 
Há vestígios de povos desde antes da chegada dos europeus à Amazônia até períodos mais recentes. 
Os materiais coletados foram trazidos para a Reserva Arqueológica do Museu Goeldi onde se encontram em análise. 
Apesar de recentes, os estudos já possibilitam inferir algumas informações surpreendentes. 
As cerâmicas, por exemplo, apresentam traços estilísticos que mostram contatos culturais com povos do norte da América do Sul. “Isso é muito interessante porque a arqueologia vinha falando de fluxos estilísticos no sentido leste-oeste, ao longo do Rio Amazonas. Mas, ao contrário do que se imaginava em Gurupá, a cerâmica mostra uma circulação de informações no sentido norte-sul, passando pelas Guianas e Amapá e indo até o rio Xingu, atingindo regiões como a Volta Grande. 
As pesquisas arqueológicas também demonstram que nós ainda temos muito para aprender sobre sustentabilidade com as populações nativas que habitaram a Amazônia. 
Um exemplo são as chamadas terras pretas antropogênicas, solos férteis de coloração escura que não existem na natureza por si só, e são resultado de trabalho humano realizado há centenas e até milhares de anos atrás. 
Existem várias áreas de terra preta em toda a Amazônia, com tamanho variando de poucos metros quadrados a muitos hectares. “Sítios grandes em Gurupá mostram intensidade de ação humana e vários locais onde essa terra preta era formada.


Cerâmica de Gurupá apresenta características únicas, diz pesquisadora. Estudo aponta contato entre grupos do Pará, Amapá e Guianas.

Foto: Cerâmica encontrada em Gurupá tem traços do estilo Koriabo, encontrado em povos mais ao norte do Pará (Foto: Acervo projeto OCA/MPEG) 

Cerâmica de Gurupá apresenta características únicas, diz pesquisadora. Estudo aponta contato entre grupos do Pará, Amapá e Guianas. Do G1 PA Um projeto arqueológico em Gurupá, na ilha do Marajó, surpreendeu pesquisadores com evidências de novos contatos entre os povos da Amazônia. Através de escavações e coleta de materiais, os arqueólogos encontraram peças com estilos diferentes das cerâmicas tapajônica e marajoara, indicando que as civilizações que viviam na floresta antes do descobrimento interagiam com mais povos do que se pensava. "Sabemos que a comunicação do passado pré-colonial seguia o fluxo do rio. O Amazonas era uma grande avenida, mas o que está nos surpreendendo é a ausência de semelhanças estilísticas entre a cerâmica encontrada em Gurupá e as peças do restante do Marajó e de Santarém. 
A semelhança é com artesanato Koriabo, que aparece nas Guianas e no Amapá", explica a arqueóloga Helena Lima, coordenadora do projeto Origens, Cultura e Ambiente (OCA). De acordo com a pesquisadora, a semelhança entre a cerâmica de Gurupá e de civilizações ao norte do estado do Pará fizeram com que os arqueólogos debatessem a possibilidade da interação entre povos que não são ligados pelos grandes rios. "Percebemos semelhanças muito fortes, então começamos a discutir o baixo Amazonas como área de intenso fluxo estilístico, de ideias e estilos em sentido norte-sul ou sul-norte", disse. "É absolutamente viável pensar em comunicação fora do fluxo dos grandes rios", afirma. Tesouro oculto Segundo o Museu Goeldi, desde o século XIX o arquipélago do Marajó serve como referência para pesquisa sobre as culturas da região antes da chegada dos portugueses. Apesar disso, o projeto OCA é a primeira iniciativa a explorar o potencial de Gurupá. "O município de Gurupá, embora tenha potencial arqueológico muito grande, com mais de 50 sítios, nunca havia sido pesquisado. Houve um inventário do Iphan realizado em parceria com a UFPA entre os anos de 2008 e 2009 que resultou em uma publicação de um livro que já apontava uma cerâmica diferente das demais culturas amazônicas, não relacionada com conjuntos conhecidos", explica Helena Lima, coordenadora do projeto , realizado pelo Museu Emílio Goeldi. Riqueza ameaçada A cidade de Gurupá está localizado entre os Xingu e Amazonas, no arquipélago do Marajó. O município possui pouco mais de 31 mil habitantes de acordo com o censo do IBGE, e tem abundância de sítios arqueológicos espalhados pela Reserva Ambiental de Jacupi, um local que desperta interesse de madeireiros e loteadores. Entre os materiais coletados, os pesquisadores encontraram cerâmicas, carvões e amostras de solo de diversas épocas. Há vestígios de povos desde antes da chegada dos europeus à Amazônia até períodos mais recentes. 

Os itens foram trazidos para a Reserva Arqueológica do Museu Goeldi onde são analisados. 
Fonte: http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2015/08/arqueologos-descobrem-contato-de-povos-do-marajo-com-guianas.html (18/08/2015).

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