sexta-feira, 11 de agosto de 2023

MINHA EXPERIÊNCIA NA 15ª INTERECLESIAL DAS CEBS DO BRASIL NA CIDADE DE RONDONOPOLIS-MT

 

Em Rondonópolis, Estado do Mato Grosso participamos da 15º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base, constituídos como representantes na quantidade de mil e quinhentos participantes, tivemos a sensação de que éramos representantes de um coletivo muito maior, formado pelas CEBs espalhadas por todo o país. Na vivencia e dimensão comunitária da fé.

“Não se esqueçam: Igreja em saída. ‘Igreja em saída’: este é o tema. Sim, a Igreja é como a água: se a água não corre no rio, fica estagnada, adoece. Por outro lado, a Igreja quando sai, quando caminha, se sente mais forte. Sigam adiante e que a Igreja de vocês seja sempre em saída, nunca escondida”, mensagem do Papa Francisco para 15º Intereclesial.

Guiamo-nos pelo método ver-julgar-agir, nos dias de 18 a 22 de julho. Com o tema “ Cebs: Igreja em saída, na busca da vida plena para todos e todas” e o lema “ Vejam! Eu vou criar novo céu e uma nova terra”( Is 65,17ss). Método consagrado pela tradição da Igreja na América Latina e Caribe.

Todos os Regionais da Igreja do Brasil se fazem presentes. São mais de 1.500 representantes, 60 bispos e cerca de 70 padres, incluindo os de vida religiosa e missionária. Muitas Irmãs da vida religiosa e consagrada se fazem presentes. Foram acolhidos em 10 paróquias e nas famílias para hospedagem.

As reflexões e os grupos de trabalho foram  divididos em cinco plenárias temáticas: 1- CEBs, Sinodalidade e Poder na Igreja; 2- CEBs e Dimensão Político-social; 3- CEBs e Economia de Francisco e Clara; 4-CEBs e Ecologia Integral; 5- CEBs e Educação.

As plenárias aconteceram de forma simultânea em sete paróquias da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga com o objetivo de lançar provocações para que se avance na reflexão.

Os locais das plenárias receberam nome de biomas do Brasil:

1-   Cerrado,

2-   Pantanal,

3-   Amazônia,

4-   Mata Atlântica,

5-   Pampa,

6-   Caatinga,

7-   Grande plenária o nome dado foi “Casa Comum”.

Também aconteceu no bairro Vila Aurora, a Feira Solidária, e a Noite Cultural, foi animada pelos artistas locais e pela participação do cantor e poeta nordestino Zé Vicente. No dia 21 aconteceu a Romaria dos Mártires e Defensores da Vida, com concentração na Praça dos Carreiros, no Centro de Rondonópolis.

Foi lido em Assembleia “MOÇÃO DE APOIO AOS CATADORES E CATADORAS DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DO BRASIL”. A todos os municípios brasileiros.

O cuidado com a nossa Casa Comum, necessita com urgência de uma mudança de cultura que valorize a Coleta Seletiva e toda forma de tratamento dos resíduos que produzimos, a separação dos resíduos, através de uma destinação correta dos orgânicos, como a compostagem e uma nova vida com a reciclagem aos resíduos sólidos. Só se faz coleta seletiva com catadores e catadoras.

Reafirmamos a necessidade das Comunidades Eclesiais de Base, em seus respectivos municípios, apoiarem, reconhecerem e fortalecerem o trabalho e a luta desses nossos irmãos e irmãs e assumirem a coleta seletiva do lixo e a reciclagem como prática de cuidado com a casa comum e o bem viver dos povos.

Foi apresentado e aprovado em Assembleia  “MOÇÃO DE APOIO AOS DIREITOS CONSTITUCIONAIS DOS POVOS INDÍGENAS E CONTRA O MARCO TEMPORAL”.

“Afirmamos nosso compromisso com os Povos Indígenas e contra toda forma de injustiça e estamos certos de que a tese do Marco Temporal é contra os direitos constitucionais dos povos originários e não tem razão de existir. Nesse sentido, solicitamos a proteção dos direitos adquiridos, que com muita luta e sangue foram aprovados na Constituição de 1988. Acreditamos no importante papel que a Suprema Corte do Brasil tem na garantia da aplicação do texto da Constituição e, por isso mesmo, o Marco Temporal não é o caminho. Não há outra solução senão a confirmação do direito originário e a demarcação e regularização dos territórios e sua proteção. Os povos indígenas e a sociedade brasileira esperam com urgência a retomada do julgamento do Recurso Extraordinário 1017.365/SC e entregar uma decisão aos povos indígenas é sim uma grande responsabilidade da Suprema Corte do Brasil. Mas também sabemos que o STF não se furtará da sua responsabilidade e dará a decisão justa. Os povos originários têm seus territórios como uma extensão sagrada de seus corpos e espíritos, ligados a ocupação originária, às suas tradições, espiritualidades, suas culturas e modo de vida. São direitos que, definitivamente, não são mercadorias. Deste modo, nós, os mais de mil e trezentos participantes do 15º Intereclesial das CEBs Comunidades Eclesiais de Base, afirmamos nosso compromisso de luta junto aos primeiros filhos deste país, os povos originários, e repudiamos o Marco Temporal como também as tentativas de restrição e flexibilização do direito constitucional indígena. Portanto, em nome de todos os indígenas e indigenistas que tombaram na luta pelos direitos ao território, pedimos respeitosamente ao Supremo Tribunal Federal que confirme os artigos 231 e 232 da Constituição Federal”.

A 15º Intereclesial foi a continuidade dos catorze encontros Intereclesiais anteriores, com seus aprendizados, suas marcas, seu grito histórico por justiça social.

O rosto das CEBs neste 15º Intereclesial revelou a identidade das comunidades com seus mais variados membros: cristãos leigos e leigas, pessoas LGBTQIAP+, Diáconos e Padres, religiosos e religiosas, Bispos católicos e representantes de outras Igrejas, irmãs de caminhada.

A força da juventude e das irmãs e irmãos quilombolas e dos povos indígenas, nos fizeram sentir o calor do testemunho.

O VER- reconhecer os sinais dos tempos a presença e atuação de Deus. Dialogos e varias realidades e regiões do Brasil.

Vimos que a desigualdade social é fruto de um sistema capitalista, de natureza excludente constatamos uma triste realidade, como:

1-   A imensa fila de desempregados e desempregadas, de trabalhadores e trabalhadoras informais, muitos/as em trabalhos análogos à escravidão.

2-   O desmatamento e incêndios criminosos afetando os diversos biomas.

3-   A poluição das águas, do ar e da terra, destruindo a vida do planeta e das pessoas, o uso desregulado de agrotóxicos, o avanço do agronegócio e da mineração ilegal.

 

O JULGAR, oferece luzes que iluminam o caminhar das Cebs e foi resultado do contexto social atual:

1-   O tráfico de entorpecentes e de pessoas, a questão urbana dominada pela violência, a presença de forças paramilitares, o armamento insano.

2-   O racismo estrutural e o alto índice de violência contra as mulheres e o feminicídio.

3-   A migração forçada e o sofrimento  dos migrantes e refugiados.

4-   A criminalização dos movimentos  sociais.

5-   os constantes ataques aos direitos já conquistados por meio de leis que passam pelo Congresso Nacional, a exemplo de Projetos de Lei sem discussão ampla com a sociedade, 

6-   A Reforma da CLT e da Previdência, e o marco temporal.

Constatamos ainda, que há nas CEBs, grande esperança no processo sinodal em curso, fomentando um imenso sonho de comunhão e participação em todos os âmbitos eclesiais.

Temos a certeza que as Cebs são uma experiência eclesial nascida nos clamores latino-americano e caribenho. São Igreja a partir da base e buscam responder às questões vindas do cotidiano.

O AGIR nos enviou para cuidar.

1-Cuidar para não perdermos o entusiasmo, para não banalizarmos a missão, para que as CEBs sempre tenham o coração ardendo pela Palavra e os pés firmes na caminhada do povo periférico.

2- Cuidar dos grupos bíblicos de reflexão como sementes de novas comunidades.

4-   Cuidar da memória martirial e profética.

5-   Das estruturas de comunhão e participação.

6-   Do protagonismo das mulheres e das juventudes.

7-   Da vida plena dos povos originários, da aliança e parceria com os movimentos populares, da força da sinodalidade que está na comunidade e dos processos de formação permanente.

O caminho a seguir na busca plena do AGIR das Cebs  REGIONAL NORTE 2 CNBB:

Valorização dos povos ribeirinhos e das comunidades existentes neste território da Amazônia.

Trabalhando com conscientização da população em relação as leis existentes, as violações de Direitos e a implantação da CJP- Comissão de Justiça e Paz e a Pastoral da Terra a nível paroquial, nas cebs que ainda não tenham implantado em seu trabalho pastoral. Implantação de núcleos nas paroquias da Escola de Fé e Cidadania Ir. Dorothy Stang. ( Diocese de Xingu-Altamira), proposta levada e aprovada para outras regionais com o estudo da cartilha “ encantar a politica”.

 

Criar um processo de reorganização das Cebs, trazendo a realidade do novo céu e da nova terra para o viver diário das Cebs.

Identifica o rosto das Cebs ouvindo e se identificando suas dores e lutas, dos ribeirinhos, pescadores(as), quilombolas e povos originários.

A PASTORAL DA JUVENTUDE nas ações contexto das Cebs fortalecendo a caminhada. Animar e efetivar em todas como REDE DE SINODALIDADE. Reconhecendo e valorizando a PASTORAL DA JUVENTUDE como identidade das Cebs. A luz do discipulado de Jesus de Nazaré, uma igreja profética e sinodal. Com a inserção nos conselhos sociais e pastorais. Neste compromisso assumido das Cebs como Igreja altamente Sinodal.

 

Resinificar a identidade das Cebs, via documentos da Igreja. Implantando grupos de Estudos e reflexões dos documentos da Igreja. Revendo a realidade enquanto regionais com o estudo do “Documento de Santarém 50 anos: Gratidão e Profecia”. Com objetivo e prioridades principais o fortalecimento das comunidades eclesiais de base, a formação dos discípulos e discípulas missionárias na Amazônia, a defesa da vida dos povos da Amazônia, o cuidado com a Casa Comum, a evangelização das juventudes e a igreja com rostos amazônicos.

 

Criando redes de comunidades através dos Círculos Bíblicos, visitas aos doentes como Pastoral, mobilizando e articulando com o CRAS encaminhando pessoas que não consegue comprovar renda para solicitar a concessão de Benefício(BPC). Com parceria aos programas da Secretária Municipal da Assistência Social, projetos sociais educativos.

 

Formação do Ministério da Eucaristia, mantendo diálogos com os movimentos sociais e movimentos de mulheres, sindicatos, associações e conselhos de Direito.

Trazer a diversidade dos povos originários e afro brasileiro. Incluindo ações concretas referentes as questões ambientais visando  maior visibilidade na COP 30. Que será realizado na cidade de Belém em 2025.

 

A Conferência das Partes (COP) é o encontro da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizado anualmente por representantes de vários países com objetivo de debater as mudanças climáticas, encontrar soluções para os problemas ambientais que afetam o planeta e negociar acordos.

 

COMPROMISSO: Fortalecer a leitura popular da Bíblia e a dimensão sociopolítica da espiritualidade, valorizar a alimentação saudável, a agricultura familiar e a agroecologia, aproximar-se efetivamente das juventudes e ampliar as lutas populares contra a LGBTfobia, o racismo e o machismo.

Vivenciando a proposta do Papa Francisco, de uma Igreja em saída, missionária, uma Igreja de comunhão e participação, uma Igreja samaritana, Povo de Deus.

Nesta perspectiva de celebrar a caminhada das Comunidades Eclesiais de Base em todas as dioceses do Brasil, e animá-las em sua missão.

As Cebs são Igreja que nasce do povo pelo espírito de Deus, vivem sua opção pelos pobres, compartilham as dificuldades do dia a dia, identificam-se e participam da vida comunitária.

Numa visão compreendida É TEMPO DE SER IGREJA:

              Onde as Comunidades Eclesiais de Base é um exemplo de igreja viva, se atualiza se renova a partir da perspectiva de um evangelho de libertação. Uma igreja simples, uma extensão de comunidade, clero e leigos.

            Uma IGREJA ABERTA para a realidade, através da teologia da libertação que interpreta os ensinamentos de Jesus Cristo como libertador da opressão e injustiças.

           Segundo o Teólogo Professor Leonardo Boff, as comunidades eclesiais de base seriam um NOVO MODO DE SER IGREJA e de experimentar a salvação comunitariamente, o lugar de encontro do POVO OPRIMIDO. Seriam capazes de "REINVENTAR A IGREJA" a partir da FÉ DO POVO.

            O sofrimento dos servos de Cristos Jesus está previsto, inevitável, mais faz parte da missão, pois é uma caminhada de fé longa e cheio de desafios, ser SERVO DE JESUS CRISTO, significa um amor fiel, quem aceita e responde este chamado como Saulo se converteu renuncia a sua AUTONOMIA se perder sua IDENTIDADE, pelo contrario esta é a profunda conversão que se encontra a sua verdadeira IDENTIDADE.

          Saulo que já não era O PERSEGUIDOR e sim Paulo o SERVO DE JESUS CRISTO em uma carta a Gálatas relata sua experiência: “ JÁ NÃO SOU EU QUE VIVO, MAS É CRISTO QUE VIVE EM MIM.(GL 2,20); Esta reflexão responde as três perguntas da conversão espiritual: 1- O MEU PAPEL NA COMUNIDADE EM QUE VIVO; 2- MEU COMPROMISSO COM A CAMINHADA; 3- MINHA NECESSIDADE DE VIVER EM COMUNIDADE.

ESSA É A CONVERSÃO.

         A vida em comunidade é uma FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO, na medida em que seus membros vão participando intensamente das comunidades, passa a conhecer suas necessidades e sua realidade.

         Os QUESTIONAMENTOS aparecem essa é a essência de viver em comunidade.

         As Comunidades Eclesiais de Base são o porto seguro para tua viagem, para tua caminhada, são através desses questionamentos que se constrói o tecido seguro o resistente.

          VIVÊNCIA NA COMUNIDADE: A igreja povo, as CEBs são a presença mais linda, mais verdadeira, mais autentica da igreja base: IGREJA DO POVO. Deus chama, mas não puxa. Neste sentido os trabalhos nas comunidades, o povo começa a ter CONSCIÊNCIA dos seus DIREITOS e DEVERES na sociedade e na família. Para isso tem que viver desprendido de bens materiais, viver a realidade, viver o dia a dia fundamentado no VERDADEIRO EVANGELHO. Como uma pessoa simples, popular, trabalhadora, a serviço dos humildes e oprimidos.

O VERDADEIRO EVANGELHO: “ Quando o povo coloca sua esperança em Deus ele responde com todo o seu amor” SL 34-(20.22).

  É aquele que vive o compromisso libertador, onde a igreja é do povo, é a essência da comunidade. É neste trabalho de conscientização que se desenvolve o DESPERTAR CRÍTICO e o COMPROMISSO SOCIOPOLÍTICO das lideranças comunitárias.

        Que Cristo encoraje todos nos nesta reflexão: VIVÊNCIA COMUNITÁRIA, onde um vive para o outro, pois é muito importante para nós numa época em que as pessoas se submetem a este sistema capitalista, onde o homem pensa tanto em GANHAR em TER é preciso à gente pensar em SER e SER em função dos outros.

Onde todos tenham um olhar de irmãos onde perdure o amor fraterno, justiça e a paz.

Para isso é preciso viver um processo de CONVERSÃO PERMANENTE, porque a vida é um processo dinâmico onde ninguém nasce perfeito aos pouco se corrige, nas quedas, nas falhas enfim somos imperfeitos.

CONVERSÃO: é retomar o caminho que havia perdido, a conversão verdadeira nasce da FIDELIDADE AO CAMINHO, ao projeto de vida.

É uma necessidade existencial nesta linha de pensamento podemos observar à CONVERSÃO PESSOAL do teu próximo, as experiências do perdão, as experiências da renovação espiritual só assim poderão entender com clareza que uma caminhada de transformação social só tem futuro se estiver fundamentada numa profunda experiência de conversão pessoal.

A vida sem conversão é um inferno, um fracasso; A dimensão religiosa preenche e radicaliza esse processo, se me converto para o caminho do bem me socializado com meu eu, isso me provoca uma necessidade de entender os seguintes questionamentos:  1-   O MEU PAPEL NA COMUNIDADE EM QUE VIVO; 2-   MEU COMPROMISSO COM A CAMINHADA; 3-   MINHA NECESSIDADE DE VIVER EM COMUNIDADE.

 Assim, com a esperança do verbo esperançar, dispostos e dispostas a seguir nossa caminhada como CEBs – Igreja em saída, partimos da cidade de Rondonópolis, certos da missão Seguirão  animando e conduzindo  as  CEBs das terras mato-grossenses ao Estado do Espírito Santo, onde será realizado o  16º Intereclesial acolhidos por nossa Senhora da Penha em 2027.


Nenhum comentário:

Postar um comentário