Em
Rondonópolis, Estado do Mato Grosso participamos da 15º Intereclesial das
Comunidades Eclesiais de Base, constituídos como representantes na quantidade
de mil e quinhentos participantes, tivemos a sensação de que éramos
representantes de um coletivo muito maior, formado pelas CEBs espalhadas por
todo o país. Na vivencia e dimensão comunitária da fé.
“Não
se esqueçam: Igreja em saída. ‘Igreja em saída’: este é o tema. Sim, a Igreja é
como a água: se a água não corre no rio, fica estagnada, adoece. Por outro
lado, a Igreja quando sai, quando caminha, se sente mais forte. Sigam adiante e
que a Igreja de vocês seja sempre em saída, nunca escondida”, mensagem do
Papa Francisco para 15º Intereclesial.
Guiamo-nos
pelo método ver-julgar-agir, nos dias de 18 a 22 de julho. Com o tema “ Cebs:
Igreja em saída, na busca da vida plena para todos e todas” e o lema “ Vejam!
Eu vou criar novo céu e uma nova terra”( Is 65,17ss). Método consagrado pela
tradição da Igreja na América Latina e Caribe.
Todos
os Regionais da Igreja do Brasil se fazem presentes. São mais de 1.500
representantes, 60 bispos e cerca de 70 padres, incluindo os de vida religiosa
e missionária. Muitas Irmãs da vida religiosa e consagrada se fazem presentes.
Foram acolhidos em 10 paróquias e nas famílias para hospedagem.
As reflexões
e os grupos de trabalho foram divididos
em cinco plenárias temáticas: 1- CEBs, Sinodalidade e Poder na Igreja; 2- CEBs
e Dimensão Político-social; 3- CEBs e Economia de Francisco e Clara; 4-CEBs e
Ecologia Integral; 5- CEBs e Educação.
As
plenárias aconteceram de forma simultânea em sete paróquias da Diocese de
Rondonópolis-Guiratinga com o objetivo de lançar provocações para que se avance
na reflexão.
Os
locais das plenárias receberam nome de biomas do Brasil:
1- Cerrado,
2- Pantanal,
3- Amazônia,
4- Mata
Atlântica,
5- Pampa,
6- Caatinga,
7- Grande
plenária o nome dado foi “Casa Comum”.
Também
aconteceu no bairro Vila Aurora, a Feira Solidária, e a Noite Cultural, foi animada
pelos artistas locais e pela participação do cantor e poeta nordestino Zé
Vicente. No dia 21 aconteceu a Romaria dos Mártires e Defensores da Vida, com
concentração na Praça dos Carreiros, no Centro de Rondonópolis.
Foi
lido em Assembleia “MOÇÃO DE APOIO AOS CATADORES E CATADORAS DE MATERIAIS
RECICLÁVEIS DO BRASIL”. A todos os municípios brasileiros.
O cuidado
com a nossa Casa Comum, necessita com urgência de uma mudança de cultura que
valorize a Coleta Seletiva e toda forma de tratamento dos resíduos que
produzimos, a separação dos resíduos, através de uma destinação correta dos
orgânicos, como a compostagem e uma nova vida com a reciclagem aos resíduos
sólidos. Só se faz coleta seletiva com catadores e catadoras.
Reafirmamos
a necessidade das Comunidades Eclesiais de Base, em seus respectivos
municípios, apoiarem, reconhecerem e fortalecerem o trabalho e a luta desses
nossos irmãos e irmãs e assumirem a coleta seletiva do lixo e a reciclagem como
prática de cuidado com a casa comum e o bem viver dos povos.
Foi
apresentado e aprovado em Assembleia “MOÇÃO
DE APOIO AOS DIREITOS CONSTITUCIONAIS DOS POVOS INDÍGENAS E CONTRA O MARCO
TEMPORAL”.
“Afirmamos nosso compromisso
com os Povos Indígenas e contra toda forma de injustiça e estamos certos de que
a tese do Marco Temporal é contra os direitos constitucionais dos povos
originários e não tem razão de existir. Nesse sentido, solicitamos a proteção
dos direitos adquiridos, que com muita luta e sangue foram aprovados na
Constituição de 1988. Acreditamos no importante papel que a Suprema Corte do
Brasil tem na garantia da aplicação do texto da Constituição e, por isso mesmo,
o Marco Temporal não é o caminho. Não há outra solução senão a confirmação do
direito originário e a demarcação e regularização dos territórios e sua
proteção. Os povos indígenas e a sociedade brasileira esperam com urgência a
retomada do julgamento do Recurso Extraordinário 1017.365/SC e entregar uma
decisão aos povos indígenas é sim uma grande responsabilidade da Suprema Corte
do Brasil. Mas também sabemos que o STF não se furtará da sua responsabilidade
e dará a decisão justa. Os povos originários têm seus territórios como uma
extensão sagrada de seus corpos e espíritos, ligados a ocupação originária, às
suas tradições, espiritualidades, suas culturas e modo de vida. São direitos
que, definitivamente, não são mercadorias. Deste modo, nós, os mais de mil e
trezentos participantes do 15º Intereclesial das CEBs Comunidades Eclesiais de
Base, afirmamos nosso compromisso de luta junto aos primeiros filhos deste
país, os povos originários, e repudiamos o Marco Temporal como também as tentativas
de restrição e flexibilização do direito constitucional indígena. Portanto, em
nome de todos os indígenas e indigenistas que tombaram na luta pelos direitos
ao território, pedimos respeitosamente ao Supremo Tribunal Federal que confirme
os artigos 231 e 232 da Constituição Federal”.
A 15º
Intereclesial foi a continuidade dos catorze encontros Intereclesiais
anteriores, com seus aprendizados, suas marcas, seu grito histórico por justiça
social.
O
rosto das CEBs neste 15º Intereclesial revelou a identidade das comunidades com
seus mais variados membros: cristãos leigos e leigas, pessoas LGBTQIAP+, Diáconos
e Padres, religiosos e religiosas, Bispos católicos e representantes de outras
Igrejas, irmãs de caminhada.
A
força da juventude e das irmãs e irmãos quilombolas e dos povos indígenas, nos
fizeram sentir o calor do testemunho.
O VER- reconhecer
os sinais dos tempos a presença e atuação de Deus. Dialogos e varias realidades
e regiões do Brasil.
Vimos
que a desigualdade social é fruto de um sistema capitalista, de natureza
excludente constatamos uma triste realidade, como:
1- A
imensa fila de desempregados e desempregadas, de trabalhadores e trabalhadoras
informais, muitos/as em trabalhos análogos à escravidão.
2- O
desmatamento e incêndios criminosos afetando os diversos biomas.
3- A
poluição das águas, do ar e da terra, destruindo a vida do planeta e das
pessoas, o uso desregulado de agrotóxicos, o avanço do agronegócio e da
mineração ilegal.
O JULGAR, oferece
luzes que iluminam o caminhar das Cebs e foi resultado do contexto social
atual:
1- O
tráfico de entorpecentes e de pessoas, a questão urbana dominada pela
violência, a presença de forças paramilitares, o armamento insano.
2- O
racismo estrutural e o alto índice de violência contra as mulheres e o
feminicídio.
3- A
migração forçada e o sofrimento dos
migrantes e refugiados.
4- A
criminalização dos movimentos sociais.
5- os
constantes ataques aos direitos já conquistados por meio de leis que passam
pelo Congresso Nacional, a exemplo de Projetos de Lei sem discussão ampla com a
sociedade,
6- A
Reforma da CLT e da Previdência, e o marco temporal.
Constatamos
ainda, que há nas CEBs, grande esperança no processo sinodal em curso,
fomentando um imenso sonho de comunhão e participação em todos os âmbitos
eclesiais.
Temos
a certeza que as Cebs são uma experiência eclesial nascida nos clamores
latino-americano e caribenho. São Igreja a partir da base e buscam responder às
questões vindas do cotidiano.
O AGIR nos
enviou para cuidar.
1-Cuidar
para não perdermos o entusiasmo, para não banalizarmos a missão, para que as
CEBs sempre tenham o coração ardendo pela Palavra e os pés firmes na caminhada
do povo periférico.
2- Cuidar
dos grupos bíblicos de reflexão como sementes de novas comunidades.
4- Cuidar
da memória martirial e profética.
5- Das
estruturas de comunhão e participação.
6- Do
protagonismo das mulheres e das juventudes.
7- Da
vida plena dos povos originários, da aliança e parceria com os movimentos
populares, da força da sinodalidade que está na comunidade e dos processos de
formação permanente.
O caminho a seguir na busca
plena do AGIR das Cebs REGIONAL
NORTE 2 CNBB:
Valorização dos povos ribeirinhos e das
comunidades existentes neste território da Amazônia.
Trabalhando com
conscientização da população em relação as leis existentes, as violações de
Direitos e a implantação da CJP- Comissão de Justiça e Paz e a Pastoral da
Terra a nível paroquial, nas cebs que ainda não tenham implantado em seu
trabalho pastoral. Implantação de núcleos nas paroquias da Escola de Fé e
Cidadania Ir. Dorothy Stang. ( Diocese de Xingu-Altamira), proposta levada e
aprovada para outras regionais com o estudo da cartilha “ encantar a politica”.
Criar um processo de reorganização das
Cebs, trazendo a realidade do novo céu e da nova terra para o viver diário das
Cebs.
Identifica o rosto das Cebs ouvindo e se
identificando suas dores e lutas, dos ribeirinhos, pescadores(as), quilombolas
e povos originários.
A PASTORAL DA JUVENTUDE nas
ações contexto das Cebs fortalecendo a caminhada. Animar e efetivar em todas
como REDE DE SINODALIDADE. Reconhecendo e valorizando a PASTORAL DA
JUVENTUDE como identidade das Cebs. A luz do discipulado de Jesus de
Nazaré, uma igreja profética e sinodal. Com a inserção nos conselhos sociais e
pastorais. Neste compromisso assumido das Cebs como Igreja altamente Sinodal.
Resinificar a identidade das Cebs, via
documentos da Igreja. Implantando grupos de Estudos e reflexões dos documentos
da Igreja. Revendo a realidade enquanto regionais com o estudo do “Documento
de Santarém 50 anos: Gratidão e Profecia”. Com objetivo e prioridades
principais o fortalecimento das comunidades eclesiais de base, a formação dos
discípulos e discípulas missionárias na Amazônia, a defesa da vida dos povos da
Amazônia, o cuidado com a Casa Comum, a evangelização das juventudes e a igreja
com rostos amazônicos.
Criando redes de comunidades através dos
Círculos Bíblicos, visitas aos doentes como Pastoral, mobilizando e articulando
com o CRAS encaminhando pessoas que não consegue comprovar renda para solicitar
a concessão de Benefício(BPC). Com parceria aos programas da Secretária
Municipal da Assistência Social, projetos sociais educativos.
Formação do Ministério da Eucaristia,
mantendo diálogos com os movimentos sociais e movimentos de mulheres,
sindicatos, associações e conselhos de Direito.
Trazer a diversidade dos povos originários
e afro brasileiro. Incluindo ações concretas referentes as questões ambientais
visando maior visibilidade na COP 30.
Que será realizado na cidade de Belém em 2025.
A Conferência das Partes (COP) é o encontro da
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizado anualmente
por representantes de vários países com objetivo de debater as mudanças
climáticas, encontrar soluções para os problemas ambientais que afetam o
planeta e negociar acordos.
COMPROMISSO: Fortalecer
a leitura popular da Bíblia e a dimensão sociopolítica da espiritualidade,
valorizar a alimentação saudável, a agricultura familiar e a agroecologia,
aproximar-se efetivamente das juventudes e ampliar as lutas populares contra a
LGBTfobia, o racismo e o machismo.
Vivenciando a proposta do Papa Francisco,
de uma Igreja em saída, missionária, uma Igreja de comunhão e participação, uma
Igreja samaritana, Povo de Deus.
Nesta perspectiva de celebrar a caminhada
das Comunidades Eclesiais de Base em todas as dioceses do Brasil, e animá-las
em sua missão.
As Cebs são Igreja que nasce do povo pelo
espírito de Deus, vivem sua opção pelos pobres, compartilham as dificuldades do
dia a dia, identificam-se e participam da vida comunitária.
Numa visão compreendida É TEMPO DE SER IGREJA:
Onde
as Comunidades Eclesiais de Base é um exemplo de igreja viva, se atualiza se
renova a partir da perspectiva de um evangelho de libertação. Uma igreja
simples, uma extensão de comunidade, clero e leigos.
Uma IGREJA
ABERTA para a realidade, através da teologia da libertação que
interpreta os ensinamentos de Jesus Cristo como libertador da opressão e
injustiças.
Segundo o Teólogo
Professor Leonardo Boff, as comunidades eclesiais de base seriam
um NOVO MODO DE SER IGREJA e de experimentar a salvação
comunitariamente, o lugar de encontro do POVO OPRIMIDO. Seriam
capazes de "REINVENTAR A IGREJA" a partir da FÉ DO
POVO.
O
sofrimento dos servos de Cristos Jesus está previsto, inevitável, mais faz
parte da missão, pois é uma caminhada de fé longa e cheio de desafios,
ser SERVO DE JESUS CRISTO, significa um amor fiel, quem aceita e
responde este chamado como Saulo se converteu renuncia a
sua AUTONOMIA se perder sua IDENTIDADE, pelo
contrario esta é a profunda conversão que se encontra a sua verdadeira IDENTIDADE.
Saulo que já
não era O PERSEGUIDOR e sim Paulo o SERVO DE JESUS
CRISTO em uma carta a Gálatas relata sua experiência: “ JÁ NÃO
SOU EU QUE VIVO, MAS É CRISTO QUE VIVE EM MIM.(GL 2,20); Esta reflexão
responde as três perguntas da conversão espiritual: 1- O MEU PAPEL
NA COMUNIDADE EM QUE VIVO; 2- MEU COMPROMISSO COM A CAMINHADA; 3- MINHA
NECESSIDADE DE VIVER EM COMUNIDADE.
ESSA É A CONVERSÃO.
A vida em
comunidade é uma FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO, na medida em que seus
membros vão participando intensamente das comunidades, passa a conhecer suas
necessidades e sua realidade.
Os QUESTIONAMENTOS aparecem
essa é a essência de viver em comunidade.
As Comunidades
Eclesiais de Base são o porto seguro para tua viagem, para tua caminhada, são
através desses questionamentos que se constrói o tecido seguro o resistente.
VIVÊNCIA NA
COMUNIDADE: A igreja povo, as CEBs são a presença mais linda, mais
verdadeira, mais autentica da igreja base: IGREJA DO POVO. Deus
chama, mas não puxa. Neste sentido os trabalhos nas comunidades, o povo começa
a ter CONSCIÊNCIA dos seus DIREITOS e DEVERES na
sociedade e na família. Para isso tem que viver desprendido de bens materiais,
viver a realidade, viver o dia a dia fundamentado no VERDADEIRO
EVANGELHO. Como uma pessoa simples, popular, trabalhadora, a serviço dos
humildes e oprimidos.
O VERDADEIRO EVANGELHO: “ Quando o povo
coloca sua esperança em Deus ele responde com todo o seu amor” SL 34-(20.22).
É aquele que vive o
compromisso libertador, onde a igreja é do povo, é a essência da comunidade. É
neste trabalho de conscientização que se desenvolve o DESPERTAR CRÍTICO e
o COMPROMISSO SOCIOPOLÍTICO das lideranças comunitárias.
Que Cristo encoraje todos nos nesta
reflexão: VIVÊNCIA COMUNITÁRIA, onde um vive para o outro, pois é
muito importante para nós numa época em que as pessoas se submetem a este
sistema capitalista, onde o homem pensa tanto em GANHAR em TER é
preciso à gente pensar em SER e SER em função
dos outros.
Onde todos tenham um olhar de irmãos
onde perdure o amor fraterno, justiça e a paz.
Para isso é preciso viver um processo
de CONVERSÃO PERMANENTE, porque a vida é um processo dinâmico onde
ninguém nasce perfeito aos pouco se corrige, nas quedas, nas falhas enfim somos
imperfeitos.
CONVERSÃO: é retomar o caminho
que havia perdido, a conversão verdadeira nasce da FIDELIDADE AO
CAMINHO, ao projeto de vida.
É uma necessidade existencial nesta
linha de pensamento podemos observar à CONVERSÃO PESSOAL do
teu próximo, as experiências do perdão, as experiências da renovação espiritual
só assim poderão entender com clareza que uma caminhada de transformação social
só tem futuro se estiver fundamentada numa profunda experiência de conversão
pessoal.
A vida sem conversão é um inferno, um
fracasso; A dimensão religiosa preenche e radicaliza esse processo, se me
converto para o caminho do bem me socializado com meu eu, isso me provoca uma
necessidade de entender os seguintes questionamentos: 1- O MEU PAPEL NA
COMUNIDADE EM QUE VIVO; 2- MEU COMPROMISSO COM A
CAMINHADA; 3- MINHA NECESSIDADE DE VIVER EM
COMUNIDADE.
Assim, com a esperança do verbo esperançar, dispostos e dispostas a seguir nossa caminhada como CEBs – Igreja em saída, partimos da cidade de Rondonópolis, certos da missão Seguirão animando e conduzindo as CEBs das terras mato-grossenses ao Estado do Espírito Santo, onde será realizado o 16º Intereclesial acolhidos por nossa Senhora da Penha em 2027.
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