domingo, 20 de agosto de 2023

DIÁRIOS DE VIAGEM- 1998-2001

 


Bispo da prelazia do Xingu, um rosto amazônico

Conheci o bispo do Xingu, Dom Erwin em 2001,numa das visitas pastorais que acontece em dois e dois anos, nos 11 setores da paróquia de santo Antônio no rio mararuzinho. 
Fui convidado para participar pelos integrantes do movimento jovem nova esperança, para participar de uma peça de teatro contra as drogas e ao ser elogiado pessoalmente por ele ,vi nele o evangelho com rosto amazônico ,minha grande amiga Francy Pantoja estava comigo e participou também dessa homenagem ao bispo. Nesse tempo passo a conhecer e conversar com o pai da Francy, Raimundo Rodrigues, um líder comunitário e grande orador, fazia discursos eloquente e sempre me deu apoio. Além da admiração que sinto por conquistar sua amizade pelas qualidades como dirigente comunitário e sindical, ganhando meu mais profundo sentimento de amizade e respeito. Também ressaltando a grande influência que meu amigo José Macauba, tem na comunidade bom pastor no rio mararú. 
A honrosa contribuição para essa comunidade, desse homem integro de caráter irretocável, que ficara sempre em minha memória.

Vivencia no rio Mararú

As casas dos ribeirinhos na região dos furos da Ilha de Marajó são construídas geralmente ao lado de um pequeno igarapé, pois com a elevação das águas sobre a influência das marés, os peixes entram nos igarapés e quando a maré abaixa, ficam presos em redes ou cercas colocadas no início da vazante pelos ribeirinhos. Assim, todos os dias, com a subida e descida da maré, o peixe fresco para a alimentação está garantido. A água salgada do mar não entra na região dos furos, mas represa a água do rio Amazonas ou do Pará, promovendo a alteração do nível da água. Alguns ribeirinhos plantam açaizeiros e com a retirada do cacho do açaí para venda e consumo do diário, cortam palmito e vendem as fabriquetas clandestinas e fazem manejo mensalmente, assim, garantem a cada dia um produto para vender e comprar o básico que é óleo diesel e a farinha para comer com o peixe, junto com as frutas abundantes na região, como o buriti, a pupunha, o ingá e o açaí.

1999, na janela do barco olhando o amazonas e meu pensamento distante

Da janela do velho barco “TORRES”, enfrentava as maresias e a saudade de Belém, rebocando enormes jangadas de madeira clandestinamente sempre a noite, eu meu tio Samuel e meu irmão Fernando, muitas vezes um amigo Macaúba acompanhava a gente nessas viagens, as vezes tínhamos que amarrar a jangada na beira do rio para esperar a maré, bebíamos aquela água barrenta do rio amazonas e tomávamos aguardente para passar o sono, quantas vezes ficamos a beira do rio amazonas olhando as estrelas e o barulho das águas com os botos ao redor da embarcação. 
As vezes quando tínhamos sorte encostávamos naquelas casas a beira do rio, eles ofereciam açaí feito artesanalmente e peixe assado, situações e fatos que iriam me acompanhar para sempre, como inesquecíveis lembranças de um tempo de experiências simples e importante para meu amadurecimento. Trabalhadores sem carteira assinada nas serrarias clandestinas, viagens nos municípios de Breves e Anajás, vi que aqueles trabalhadores faziam compras nas cantinas dos donos da vila que eram os proprietários da serraria, eles empregam as pessoas que moram ao redor da serraria, sem nenhum contrato de trabalho nem benefício trabalhista, os mantimentos são caros e descontado no ordenado do trabalhador, quando chega no final eles não recebem nada e ainda estão devendo para o patrão, virando uma bola de neve, não podendo ir embora ou largar o serviço se não pagar a dívida, o trabalhador dessas serrarias se torna escravo por essa dívida. 

“Aqueles ribeirinhos de Gurupá, remando com seus remos de pracuuba, passam a noite tapando Igarapé, com paris feito de talas de bambu entrelaçados com timboaçu a pele envelhecida pelo sol suas casas a beira do rio, cobertas de palha simplicidade marcante dos trapiches construídos de tronco de açaizeiro, porto seguro dos ribeirinhos moradores do rio mararú. que vivem vendo o rio-mar lindo e imponente rio Amazonas sua principal avenida destes ribeirinhos da ilha grande de Gurupá.” (diário pessoal 1998) 

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