quinta-feira, 5 de setembro de 2024

 Negra tatuada vendendo caju. Aquarela de Jean Baptiste Debret (1827). Coleção Museus Castro Maya, Rio de Janeiro



Nesta aquarela que não foi reproduzida na Viagem
Pitoresca, a bonita negra tatuada vendendo caju nas escadarias à beira-mar se parece com o último rosto dos dezesseis desenhados por Debret na prancha 22 do volume II de seu livro.
Entre as diferentes nações africanas representadas ali, ele corresponde ao de "Angola, negra livre quitandeira". Ela traz à cintura uma penca de balangandãs, com uma figa, um chifre de marfim e frutos, que parecem de ouro. A penca presa na cinta é um dos símbolos das negras de ganho e as tatuagens em X no braço podem ser um símbolo do candomblé.
No segundo plano, duas negras estão conversando,
tanto a que está em pé, levando abóboras e melancias com uma galinha na mão, quanto a sentada, possuem penteados com contas de vidro que aparecem na mesma prancha e, segundo Debret, são: "Benguela, escrava vendedora de frutas,"
Ao fundo aparece a ilha-fortaleza de Laje, situando a cena perto da antiga Ponta do Calabouço. O fruto do cajueiro é, segundo Debret, "de consistência mole e coberto de uma casca espessa cor de enxofre, contendo um sumo adocicado, ligeiramente acidulado, com perfume de laranja, ou melhor, de resina, bastante acentuado. Muito refrescante, come-se cru e, ao que se diz, combate a sífilis. O refresco feito com esse fruto, embora de gosto muito agradável, deixa certo amargor na língua."

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