domingo, 20 de agosto de 2023

 



 

ALGUNS IRMÃOS GURUPAENSES

 

Descrição do forte Santo Antônio de Gurupá nos anos 1631

Carta regia a coroa portuguesa 

"A reconstrução da fortaleza, com muralhas de pedras, tiradas do barranco marginal do rio amazona, corresponde a fronteira da villa de Gurupá. Para que as obras fiquem prontas no governo de Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho. Esta reconstrução transformou o antigo forte, dando-lhe maiores dimensões e estrutura de pedra e cal, com muralhas alçadas sobre o solo da terra firme em que ficou edificada, Manoel Guedes Aranha 19 de fevereiro de 1631."

1619- Carta conservada no museu britânico, avisando a coroa portuguesa sobre a existência de holandeses aliando aos índios locais na atual Gurupá.

"O que de prezente se deve ´procurar, he o descobrimento do rio corupá, onde está a força do gentio e dizem Haver gente branca, porê nen português auiso até agora e o descobrimento de cabo do norte que dista pouco do rio curupá, onde vão todos os anos ingleses e holandeses ao resgate do tabaco, e de algumas tintas, com são orocu e cariuru e de algumas madeiras. De facto a Região de Corupá estiveram os hollandezes, com feitorias, fundada em mariocai, tendo tratado com os indígenas e até possuindo fortificado, primeiro assento de pretendida colonização estável. Manuel de Souza Déça."

 

Andar pelas ruas de Gurupá é sentir nossa cultura. Passear pelo Forte de Santo Antônio de Gurupá.

Fazem desta cidade uma fonte inesgotável de cultura. 

Poetizar Gurupá é algo fantástico, um sentimento de descoberta de uma cidade de cores, cheiros e fé.

A diversidade cultural, a farinha de tapioca do Bacá o açaí do Rio Mojú. 

O vento do Amazonas, na hidroviária; 

A feira dos sábados e quartas, esquina com a praça Oscar Santos; O recanto dos poetas no bar do ver o rio, sem contar com o por do sol do forte, é sem duvida minha inspiração poética, como Ruy Barata dizia: “tudo que amei estava aqui.”



 As plantações de açaí a beira do rio.

 A mata da várzea com seus buritizeiros 

A grandeza do rio, seu povo simples. 

Acolhedor e amigo, as áreas alagadas pela água escura. 

Os açaizeiros são fonte inesgotável de renda Manejado se transforma em um garimpo 

A pele reflete o esforço do tirador de açaí 

A naturalidade e a destreza que o ribeirinho executa seu serviço retira o cacho do açaí com folhas do açaizeiro faz sua peçonha em cesta de cipó, garante a renda e alimentação das famílias. 

Onde os rios possuem um papel fundamental na vida dos ribeirinhos, é através dos rios que são estabelecida das ligações entre localidades. 

O apanhador de açaí retira seu fruto com a peconha em seus pés descalço, debulhando cada cacho no meio da mata de várzea, o caboclo prepara o porronca para espantar os mosquitos, uma dose de aguardente para esquentar, o dia tão duro, o sorriso constatando uma boa safra, manejo bem planejado embarca na canoa, retirando água com a cuia terçado rabo de galo afiado, vai para sua casa, vender para os atravessadores por um preço abaixo da média troca por rancho, óleo diesel para a lamparina pilha para o radio velho, embalando em sua rede amanhã é outro dia. 

Em Gurupá os apreciadores do vinho degusta sabores do ouro ribeirinho, as embarcações chegam de madrugada na hidroviária municipal e desembarcam vários paneiros cheio de caroço de açaí, rumo aos pontos das bandeiras vermelhas vendendo o sagrado do vinho de açaí.









fotos arquivo pessoal GILVANDRO TORRES- zona rural de Gurupá-PA.


Gurupá, poderia ser uma Nederlands amazônica. 

As relações amistosas entre holandeses e indígenas  que moravam na região eram harmoniosas, segundo alguns relatos históricos e documentais existia um comercio de escambo entre os povos europeus e indígenas. 

Os índios produziam e os Mercadores Holandeses compravam na base da troca o famoso escambo tradicional, a terra era fértil e por isso os holandeses e irlandeses que desde o século XVII já tinha estabelecido feitorias na região, começaram a plantação do tabaco que era a menina dos olhos dos mercadores, pois era uma planta que crescia rápido e dava retorno imediato. 

O delta do rio amazonas, apesar de ser conhecido pelos navegadores europeus desde a viagem de Orellana em 1541, outras expedições de exploradores como John Ley, que gradualmente chegou ao rio Xingu, depois de fazer feitorias os navios holandeses abasteciam as feitorias dos irlandeses e ingleses e transportavam para Europa os produtos. Segundo fontes histórica produziam algodão, urucu e tabaco. 

Tinham objetivos comerciais, investiam dinheiro na armação dos barcos e queriam lucro rápido, o tabaco era um caso especifico onde o hábito de fumar criou uma demanda alta na Inglaterra e Holanda. 

O cultivo da plantação e maneira de preparar na forma que estava demandando o mercado com rolos de tabacos fermentado, foi ensinado para os índios. 

Um panfleto anônimo datado no ano de 1676 encontrado e preservado na Holanda descreve que a plantação deve começar antes do tempo da chuva; a semente boa deve estar pronta, os canteiros protegidos contra as formigas. 

A alguns relatos de africanos da Angola, trabalhando como escravos nos fortes holandeses no Xingu, Dr. Lodewijk Hulsman, com vários estudos publicados sobre a relação de índios e holandeses no brasil, descreve que o delta do rio amazonas tinha se transformado num campo de batalha onde forças portuguesas atacavam os assentamentos dos estrangeiros, os valões preferiam ficar longe dos portugueses, que já haviam destruídos dois fortes no rio Xingu, incluindo Mariocai. Autor: GILVANDRO TORRES

FONTES CONSULTADAS: 1- Charles Wagley, Amazon Town, a study of man in the tropics/1953 2- Eduardo Galvão, The Religion of an amazon community: a study in culture change/ 1952- Universidade Columbia. 3- Arlene Mari Kelly, Familiy, Church and Crown:a social and demographic history of the lower xingu river valley and the municipality of Gurupá, 1623/1889- 1984/ University Of Florida. 4- Richard Brown Pace, Economic and political change in the amazonian community of Ita, Brazil/ 1987- University Of Florida. 5- Paulo Henrique Borges de Oliveira, Ribeirinhos e Roceiros, Gêneses, subordinação e resistência camponesa em Gurupá/ 1991- Universidade de São Paulo. 6- Jean Marie Royer, Logiques sociales et extractivisme. Etude anthropologique d’une collectivité de la forêt amazonienne, etat du Pará, Brésil/ 2003- Université Paris III- Sorbonne Nouvelle, Institut des Hautes Etudes d’amérique Latine. 7- Girolamo Domenico Treccani, Regularizar a terra: um desafio para as populações tradicionais de Gurupá/ 2006- Universidade Federal do Pará, Núcleo de altos estudos amazonicos. 8- Pedro Alves Vieira e Girolamo Domenico Treccani, Documentar a terra: uma luta constante/2001- STTR e FASE. 9- Arthur Viana, As fortificações na Amazônia, anais da biblioteca e arquivo do Pará, tomo IV, Belém/ 1905, página 227-307. 10- Robson Wander Costa Lopes, Cebs Ribeirinhos: análise do processo de organização das comunidades eclesiais de base em Gurupá/ 2013- UEPA, Mestrado em Ciência da religião. 11- IBGE- estatística municipal e Gurupá/ 2014. 13- Antônio de Pádua de Mesquita dos Santos Brasil, a atuação da organizações não governamentais na governança ambiental da amazônia: O caso da ONG FASE no município de Gurupá/ 2007- Universidade Católica de Brasilia. 14- Pamela Melo Costa, Acordo de pesca: desafios de implantação e consolidação em áreas de várzea do município de Gurupá/ 2014- UFPA.

 O Município de Gurupá está localizado no estuário do rio Amazonas, Estado do Pará, Brasil, possuindo uma área total de 8.540.032 km2. 

A maior parte do Município é constituída por várzeas, que correspondem a 57,9% da área total, restando 23,8% de superfície composta por terra firme e 18,3% de rede hidrográfica, que é sua principal via de acesso. Estima-se que 23,3% da população rural viva nas áreas de terra firme e 58,2% nas áreas de várzea.

Gurupá tem muitos recursos naturais com uma abundancia diversificada, ao longo dos anos a intensificação dos transportes de cargas e passageiros coloca Gurupá na rota comercial das principais empresas de navegação da Amazônia.


A pesquisa do Antropólogo americano Charles Wagley, que esteve em Gurupá no ano de 1948, o levantamento foi realizado no banco de dados da Universidade da Florida na biblioteca “George A. Smathers”, que dispõe do material digitalizado onde consta notas de campos e fotografias, do projeto Gurupá. 

A equipe formada por Charles Wagley, sua esposa Cecilia Roxo, Eduardo Galvão, as informações pertencem a Universidade da Flórida.

ACERVO: UNIVERSIDADE Da FLORIDA-EUA