quinta-feira, 24 de agosto de 2023



 

 

O TEMPO DE PLANTAR E ADUBAR É AGORA. OS TRATOS CULTURAIS E A COLHETA DEVEM CONTINUAR SEMPRE. Somos nos os trabalhadores da colheita ( Lucas 10,1-2), QUE DEUS NOS AJUDE NESTA LAVOURA!

“Citando um grande poeta latino-americano Eduardo Galeano. Ao falar sobre o sentido da nossa luta e para que serve a utopia respondeu: “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”

 












 

Forte de Santo Antônio de Gurupá Das muralhas do forte, visto do alto do rochedo. 

O canal de Gurupá se torna uma figura absoluta Primeiramente pelos holandeses e depois pelos portugueses;

Que se renova a cada Maré e cada batalha Surpreendem todos, que te admiram. 

Não só pela sua história, mas pelas suas águas profundas. 

Vira referência na vida dos ribeirinhos. 

Sua essência não se silencia, Com sua beleza incomensurável De esse pôr do sol. 

Nas margens do Amazonas. 

Em torno da histórica fortaleza Canhões apontando para o horizonte Admiro-te belíssimo. 

Forte que originou a cidade de Gurupá. AUTOR: GILVANDRO TORRES

 

Fonte: Pesquisadora Gurupaense Historiadora Professora CÁSSIA LUZIA LOBATO BENATHAR

Demonstrativo de judeus proprietários de seringais em Gurupá: PROPRIETÁRIO LOCAL DAVID JOSÉ SICSU RIO MOJU MARCOS JAYME ABEN-ATHAR RIO TAIASSUI E IGARAPÉ ITAPEREIRA JACINTO JAYME ABEN-ATHAR ILHA REDONDA SALOMÃO SERFATY RIO IPIXUNA ISAAC SERFATY RIO MOJU SIMÃO BENAYON RIO INAJAÍ E RIO CARRAZEDO JOSÉ SALOMÃO DE BARROS RIO MOJU JACOB MARCOS BENATHAR RIO TAIASSUI E RIO IPIXUNA

O papa nos propõe : ECOLOGIA INTEGRAL, onde o ser humano e a natureza encontram-se interligados. A encíclica chama todos a reconhecer que os efeitos da crise ambiental atinge sobretudo os pobres e lembra que uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem de questões sociais. Papa Francisco critica o CONSUMISMO e desenvolvimento irresponsável e faz um apelo à mudança e à unificação global das ações para combater a DEGRADAÇÃO AMBIENTAL e as ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS. A promoção da educação ambiental e o compromisso com as atuais e futuras gerações. A Encíclica em seu ponto reflexivo permite fazer questionar: "Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, e as novas gerações como vão viver e crescer?" GILVANDRO TORRES

 


FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE são virtudes Teologais, infundidas por DEUS e em tudo o que nos revelou, onde a nossa igreja propõe e crer. Pela FÉ: cremos em Deus; pela ESPERANÇA, esperamos nele; pela CARIDADE, amamos a DEUS e ao PRÓXIMO.

 


terça-feira, 22 de agosto de 2023

 

XVIII Encontro da Pastoral Afro Indígena 2018 Paroquia de Santo Antônio de Gurupá

 

É ensinado na escola que o brasileiro é resultado da mistura de três etnias: o branco europeu, o negro africano e o indígena nativo. 
A divisão do conteúdo ensinado, entretanto, não segue essa proporção. 
A história e complexidade dos povos indígenas e da população negra se encontram muitas vezes resumidas à descoberta do Brasil e ao período da escravidão.
 “A nossa grande diversidade é apagada nos bancos escolares. Há uma tentativa de homogeneizar a cultura brasileira sob o olhar do colonizador europeu.

 Depois de um longo processo de transformação social no município de Gurupá através dos movimentos sociais e religiosos, surge a figura do Padre Italiano Giulio Luppi, defensor da Teologia da Libertação, que conduz um processo de formação política em toda zona rural do município de Gurupá, através de 88 comunidades, formando as comunidades eclesiais de base.

Nestas comunidades o povo ribeirinho conquistou os seus direitos após terem acesso às informações necessárias, desbancando o poder local controlado pelos grandes latifundiários improdutivos que utilizavam o sistema de Aviamento como base de opressão junto aos moradores que tomavam conta de suas propriedades. 

Com a mudança social e política na região o sistema de aviamento foi extinto e os produtores rurais passaram a vender sua produção livre, sendo reconhecido seu direito a propriedade.

 Com participação ativa do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Cebs, onde o povo organizado passa a ser responsável pela condução de sua própria comunidade. 

Uma das grandes vitorias do povo ribeirinho através da Cebs, foi a oficialização com o Título de proprietário de seu próprio imóvel rural. 

O STR era um instrumento nosso dentro da organização dos trabalhadores e, que juntos podíamos lutar em defesa da terra, para o homem que nela mora e dela tira o seu sustento com liberdade; Apesar da grande esperança e o poder que o STR tem de lutar em benefício do homem do campo, ele estava sendo coordenado pelos patrões, ou seja, defendia os interesses dos patrões e não dos trabalhadores rurais; isto custou 54 dias de acampamento em frente a sua sede. Movimento este que foi organizado pelos próprios trabalhadores do município de Gurupá.

Sr. Edgar Pantoja. (Escritor, Poeta, Cantor e Ativista político e Comunitário).



O acampamento de 1996 é considerado um marco histórico do STTR- Gurupá e do movimento social de Gurupá, os companheiros de chapa, tiveram grande importância de cada um no processo sindical de organização sindical e os preparativos da luta sindical, onde era uma necessidade tomar o sindicato e ser verdadeiramente representado pelos trabalhadores rurais. 

Na década de 1980 a FASE, apoiou o movimento sindical na conquista do sindicato rural, além de ajudar a programar alguns projetos, como o projeto Bem Te Vi que apoiava os agricultores e pescadores. Esse apoio foi essencial para a zona rural.

 As terras de Gurupá pertenciam a cerca de 10 grandes proprietários, isso aconteceu pelo colapso da época da borracha na região com seu processo de aviamento e algumas famílias não conseguindo saldar as dívidas junto ao patrão e entregavam as estradas de borracha como forma de pagamento e com o tempo essas famílias acumularam muitas posses de terras passando a ser latifundiários. 

A madeireira multinacional norte americana BRUMASA S.A que havia comprado em 1966 uma grande área de terras no município de forma duvidosa. 

Os rastros da exploração ilegal no município de Gurupá causaram destruição nos seringais na ilha grande de Gurupá. 

A consequência foi avassaladora dos latifundiários onde os posseiros extraiam madeira e palmito sem consciência ambiental. 

O povo ribeirinho tomou conhecimento dos seus direitos ao se organizarem e perceberem que a mata em pé dá mais lucro do que derrubada

 



HISTÓRIA SINDICAL DE GURUPÁ- TEXTO E FONTE STTR GURUPÁ

UM BREVE RELATO DA LUTA SOCIAL EM GURUPÁ Em 1971 iniciou-se a formação das comunidades Eclesiais de BASE com a chegada do Pe. Giulio Luppi na Paróquia de Santo Antônio de Gurupá. No ano de 1974, iniciaram-se as Semanas Catequéticas e os Tríduos. 

E em 1975 a Paroquia que sempre era dirigida por padres criou uma organização que foi o Conselho Paroquial, a partir dai as decisões maiores eram tomadas por este Conselho.

 Em 1976 os catequistas que demonstraram maior desempenho no trabalho de organização na comunidade, começaram a participar dos encontros de Boa Nova em Santarém, onde além de estudarem a Bíblia trocavam experiências com outras pessoas, onde o movimento social era mais avançado, e assim começaram a criar uma nova mentalidade, em que os pobres também podiam participar da vida política e de dirigir suas organizações.

 Em 1981 a CPT realiza um 1° encontros com os lavradores para estudar os direitos de posse que os chamados fregueses tinham, com base em uma lei de 1964 (Estatuto da Terra). 

Neste mesmo ano foi publicado um jornalzinho da Prelazia do Xingu denominado o Bico, que continha as informações das lutas sociais de toda a Prelazia, e ajudava a fortalecer a própria luta em Gurupá, nesta época os patrões da borracha que tinham se transformado em patrões da madeira, participavam normalmente das celebrações ajudavam a construir as capelas, com o objetivo de serem eles os dirigentes das Comunidades de Base. 

Em 1982 os trabalhadores rurais pela primeira vez apresentaram uma chapa de oposição para concorrerem às eleições do sindicato, que era dirigido por políticos que governavam o município, mas a pouca experiência e com pouco conhecimento que tinham da legislação sindical, foram facilmente enrolados pelo então presidente do Sindicato perdendo assim para a chapa que ara encabeçada pela situação. 


Neste mesmo ano também, o Partido dos Trabalhadores apresentou seus candidatos aos cargos de vereadores e a prefeito, e conseguiram que seu candidato fosse o mais votado, perderam as eleições porque a lei permitia que um partido apresentasse vários candidatos e os votos da legenda fossem contados no sentido de sub-legenda, mas conseguiram eleger dois vereadores, o que foi um caso inédito, os dois únicos vereadores deste partido no Estado do Pará. 

Em 1983, inicia-se em Gurupá uma eclosão de conflitos de terra envolvendo os trabalhadores rurais. 

Os velhos patrões da borracha conseguiram viver harmoniosamente com seus chamados fregueses por vários anos no sistema de aviamento, que foi o ciclo da borracha e parte do ciclo da extração da madeira em toras. 


Quando chegou a onda de extração do palmito eles já estavam bastante descapitalizados, a inflação começava a ser conhecida como uma coisa que inviabilizava totalmente o sistema de aviamento, portanto manter a freguesia já não era mais um negócio lucrativo, o que então parecia lucrativo era vender palmito para as industrias de conserva que começavam a se instalar no município, os grandes açaizais que tinha nas terras ocupadas pelos então fregueses foram extraídos pelos peões das fábricas por ordem dos patrões, isso fez com que os trabalhadores rurais se alertassem percebendo que iriam ficar sem o precioso alimento que é o açaí. 

Houve enfrentamentos, prisões processos na justiça, e aos poucos os ditos proprietários de terra foram se desmascarando de que na verdade eles não tinham a propriedade da terra e os fregueses passaram a se sentir donos das terras, este estágio de luta pela posse da terra se estendeu por vários anos, e os patrões que antes participavam das celebrações dos cultos religioso e até dirigiam algumas comunidades já não se sentiam mais a vontade de estar junto com este povo, portanto passavam a acusá-lo de subversivos, e não era de se estranhar as lideranças passarem a ser constantemente vigiados por agentes da polícia federal. 

O questionável é que alguns trabalhadores destes conseguiram um alto conhecimento da lei, que tratava dos direitos de posse e chegaram até a ser chamados pelo poder judiciário para darem informações a respeito do assunto. 

Em 1984 a discussão sobre a importância dos trabalhadores conquistarem o seu sindicato como uma ferramenta de luta se expandiu em várias comunidades e em 1985 um grupo de trabalhadores iniciou a construção de uma estratégia para se conquistar o sindicato. 

Com a volta do ex-seminarista Manoel do Carmo à Gurupá, trazendo a experiência desenvolvida pelo movimento sindical de Santarém formou-se uma coordenação de oposição sindical, que elaborou um plano de trabalho e de estratégias para serem cumpridas, que foram associar o maior número possível de trabalhadores, criar delegacias sindicais nas comunidades, obter da sede o máximo de informações, isso requeria que alguns delegados sindicais se tornassem amigos e pessoas de confiança do presidente do sindicato, e conhecer tudo sobre a legislação sindical. 

Em 1986 foi o ano em que o movimento social organizado mostrou sua força, a estratégia e o plano de trabalho estava sendo cumprida, a oposição forma sua chapa que com o nome de “unidos venceremos” e registraram em tempo hábil, conforme determinava a legislação sindical. 

Cerca de um mês antes da eleição sindical a oposição tendo tomado conhecimento de várias irregularidades na condução do processo, propôs a então diretoria que se formasse uma Comissão Paritária para dirigir o processo de eleição da nova diretoria. 

Não sendo aceita a proposta da oposição, os trabalhadores rurais acamparam em frente sua sede e encaminharam denúncia das irregularidades encontradas à Delegacia Regional do Trabalho e somente após 54 dias de acampamento o Ministério do Trabalho nomeou uma comissão provisória que dirigiu o processo eleitoral, sendo que pela primeira vez foi eleita uma diretoria realmente composta por trabalhadores rurais. 

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Gurupá, sob o controle dos trabalhadores rurais, levantou três bandeiras de luta: SAÚDE, TERRA e PRODUÇÃO, três palavras que resumiam os seus maiores objetivos. 

A luta pela posse da terra foi semeando o interesse pela reforma agrária proposta pelos trabalhadores brasileiros. 

Na luta pela saúde, exigiram melhoria no atendimento médico- hospitalar e a instalação de postos de saúde no interior do município. 

Os resultados foram altamente positivos, com a contratação de médicos para o hospital e a construção de mais de dez postos de saúde nas comunidades rurais. 

Na luta pela produção, o objetivo era melhorar os preços dos produtos da região, ter assistência técnica e condições para o aumento da produção. 

As conquistas nesse campo foram mínimas. 

Algumas experiências deram certo: as cantinas ou revendas organizadas nas comunidades. 

Outra ação importante neste período foi a organização do Sindicato: foi organizada a documentação da Entidade e criaram-se mais de 20 Delegacias Sindicais, associaram-se mais de 700 trabalhadores, implantamos a democracia e liberdade sindical à luz dos princípios da Central Única dos Trabalhadores - CUT. Em setembro de 1989 realizou-se o Seminário “O TRABALHADOR RURAL DE GURUPÁ EM BUSCA DE ALTERNATIVAS”. 

As conclusões da pesquisa socioeconômica realizada com o auxílio das lideranças sindicais e comunitárias, possibilitaram as condições para que no seminário, fossem definidos os rumos da nossa luta por melhores condições de vida e trabalho (A CARTA DE GURUPÁ).

Com base nas decisões tomadas no seminário, foi elaborado um Projeto, o qual apontava caminhos para melhorias econômicas para a categoria, no campo da agricultura, da atividade extrativa e na capacitação dos trabalhadores contra a exploração capitalista e na defesa dos recursos naturais. 

Foi um grande passo no aperfeiçoamento das bandeiras de luta que os trabalhadores levantaram no início da sua organização sindical. 

Em abril de 1990 foi realizado o 1° Congresso do Sindicato, onde foi aprovado um novo Estatuto, foram definidas as ações para os três anos seguintes. 

O 1° Congresso e o Seminário do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Gurupá, marcaram a 2° fase do movimento sindical: não deixando de ser oposição à miséria, à exploração, às políticas econômicas do governo, à corrupção, a falta de participação dos trabalhadores na distribuição de renda e nas decisões, enfim, tudo aquilo que é contra a construção de uma sociedade justa e fraterna.

Mas os trabalhadores rurais não queriam ser simplesmente oposição. 

Era necessário PROPOR e LUTAR para que as propostas de mudanças se tornassem realidade. Nesta fase conseguiram o projeto BEM-TE-VI, que foi aprovado pela Comunidade Européia no início de 1992. 

No geral, a implantação e administração do projeto BEM-TE-VI apresentou muitos sucessos, entretanto, diversos problemas foram detectados. 

A concepção prepositiva e de buscas de melhorias econômicas não podia se limitar à administração de um projeto econômico de curto alcance para o conjunto dos associados do Sindicato.

Faltou conciliar a implantação e o funcionamento do projeto Bem-Te-Vi, com as lutas mais amplas, próprias de um Sindicato Cutista, além do que as atividades administrativas e operacionais do projeto absorviam quase todo o tempo dos companheiros Dirigentes Sindicais, que estavam na direção do Sindicato. 

Por outro lado as novas exigências burocráticas e contábeis frente aos poucos conhecimentos dos Dirigentes Sindicais acarretaram grandes dificuldades e entraves. 

Entretanto apesar dos erros, o Projeto Bem-Te-Vi proporcionou um grande aprendizado, sendo um exemplo de ação concreta do Sindicato na busca de melhorias econômicas para os associados. 

O acompanhamento técnico na implementação e administração das casas de farinha, do manejo de açaizais, os equipamentos do Projeto, como voadeira barcos e outros foram e estão sendo indispensáveis para o Sindicato se fazer mais presente junto aos associados na execução de suas atividades. 

No final de l992 se viveu um outro momento importante da luta dos trabalhadores. 

Os trabalhadores rurais participaram da Campanha Eleitoral e elegeram um trabalhador rural para prefeito do município. Instalou-se em Gurupá, um momento favorável para o avanço da luta sindical. 

Era preciso mais do que nunca fortalecer as organizações, para se poder exigir dos Governos Municipal, Estadual e Federal, sempre de forma organizada e com autonomia, as melhorias que necessitavam. 

O governo local teve muitos limites; algumas lideranças sentiram-se Governo e não tinham mais a quem cobrar. 

Mas o Apoio recebido da Administração Municipal foi fundamental para o avanço das lutas e conquistas como: apoio com assistência técnica aos trabalhadores rurais, alfabetização de adultos, qualificação dos professores, tudo isso marcou profundamente o povo gurupaense. 

Em Maio de 1993 foi realizado o 2° Congresso do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Gurupá, com o Sindicato que, apesar das dificuldades antes referidas, passava a ser a maior referência de luta organizada, tanto para os trabalhadores rurais quanto para a sociedade gurupaense. 

Com 944 sócios quites, com 40 delegacias sindicais relativamente organizadas, com o Projeto Bem-Te-Vi funcionando, com a APROSEM, que já tinha uma máquina de pilar arroz e um barco, a Prefeitura Municipal sendo dirigida por um trabalhador rural, o grande desafio para todos, era ter a capacidade de SABER ADMINISTRAR AS CONQUISTAS, COM TRANSPARÊNCIA E HONESTIDADE, AVANÇAR NA LUTA POR “CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO”, NA BUSCA CONSTANTE PELA TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE. 

A diretoria eleita elaborou um plano de trabalho, denominado “PROJETO LUTA PELA VIDA” que definiu as seguintes linhas de trabalho: Plano de produção agrícola e extrativa; Plano de manejo florestal, de transformação e de comercialização dos produtos e Plano de financiamento bancário, regularização fundiária e de gestão das conquistas. 

Perseguindo estes planos foi feito um detalhamento e uma ampla discussão em todas as delegacias sindicais; foram aprofundadas as propostas e definidas as prioridades. 

A discussão refletia sobre o presente e o futuro da vida no campo “O QUE SERÁ MELHOR”? Pela primeira vez, do “GRITO DA TERRA BRASIL” com mais de sessenta companheiros, abrindo horizontes para participação em outros movimentos nacionais, o que se repetiu nos anos seguintes, com a massiva participação de Gurupá nos Gritos, despertando nos trabalhadores a importância de buscar o financiamento do FNO-Especial. 

Foram criadas e organizadas 10 associações, que mesmo não estando bem organizadas e amadurecidas, foram cadastradas no BASA. 

Ao mesmo tempo, cadastraram-se 230 pequenos produtores, dos quais, 188 tiveram os projetos aprovados e liberados, obtendo um financiamento superior a um milhão e duzentos mil reais. 

Desta forma, a implementação das associações foi um passo muito significativo rumo às conquistas pleiteadas. 

As atividades programadas para o projeto Bem-Te-Vi foram continuadas; mesmo que a experiência de comercialização de peixe não tenha dado lucros coletivos, sem dúvida nenhuma os pescadores foram beneficiados, tanto financeiramente como no conhecimento da atividade pesqueira. 

A fábrica de palmito do Rio Marajoí foi concluída, apresentando uma nova perspectiva de transformação e comercialização da conserva de palmito, com a prática do manejo auto-sustentável. Iniciou-se a luta pela regularização fundiária no nosso município, fazendo o histórico de posse das terras de parte dos associados; negociou-se com o ITERPA e a Delegacia de Patrimônio da União (DPU) a regularização fundiária da posse de 90 famílias, abrindo assim grandes perspectivas para atingir um dos principais objetivos que é a regularização das terras de todos os associados do Sindicato. 

Iniciou-se também um processo de reorganização interna do Sindicato, que sem dúvida nenhuma, proporcionará a curto e médio prazos, uma melhor funcionalidade no atendimento aos associados e proporcionará aos diretores, maior agilidade e eficiência no desempenho das suas tarefas. 

Com o desempenho positivo das atividades e lutas desenvolvidas pelo movimento sindical em Gurupá, o sindicato, bem como as experiências, passam a ser conhecidos por várias entidades do Brasil e do mundo. 

Por causa deste currículum sindical apresentado por nosso Sindicato, é que a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE) e a ICCO (uma entidade holandesa) pretendem implementar em Gurupá um projeto-piloto de desenvolvimento municipal sustentável, com prática da educação ambiental e com o apoio ao processo de regularização fundiária, já iniciado pelo sindicato.

 Ainda está em processo de negociação este projeto onde o Sindicato será parceiro ativo e primordial nesta empreitada.

Pode-se afirmar, finalmente, que o movimento sindical em Gurupá, passa a viver uma 3° fase da sua história e que exige e exigirá dos dirigentes sindicais maior conhecimento das políticas públicas e das lutas do movimento sindical brasileiro, bem como maior organização e capacidade para encaminhar as tarefas e atividades da luta e saber administrar as suas conquistas. 

Ao longo desses anos as dificuldades foram imensas, mas a vontade de vencê-las foi muito maior trazendo assim grandes conquistas. 

Fonte e texto original: Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Gurupá- STTR 

 


Nas minhas viagens a Gurupá,tenho encontrado no meu povo que é simples e humilde,qualidades que são as maiores riquezas de minha origem cabocla.
Na ilha grande de Gurupá no rio Mararú convivi com pessoas especiais que valorizam a família e o trabalho. Sempre que visito meus amigos, renovo sempre minhas forças para continuar lutando por dias melhores

 

Gilvandro Torres um viajante que revela seu orgulho caboclo amazônico

Nasci no rio Mararú no município de Gurupá, mais fui radicado em Belém terra que me viu crescer, palco de minha trajetória e cenário de minha vida.

Uma cidade deslumbrante talvez a mais bela do norte do Brasil.
de dia e de noite a iluminação vinda dos túnel de mangueiras da Av.Nazaré,

Eu sou belenense de coração é o lugar que vivo minha mais bela poesia.

Depois vem Gurupá, cidade que nasci, a festa de são Benedito e o rio Amazonas onde o pôr-do-sol é magnifico.

Macapá vem em seguida, a fortaleza de são José e o trapiche Eliezy Levy,a pedra de são José.

Adoro viajar e mergulhar no inesperado, guardo em minha memória lembranças boas tanto no estado do Amapá quanto aqui no Pará, as cidades que conheci, às vezes penso na embarcação lotada  mais tudo é bom e sempre volto abastecido de histórias e conhecimento, onde sempre aprendo com as pessoas o real sentido da vida!




 



O Padre Giulio Luppi, foi um dos fundadores do movimento que se organizou em comunidade eclesiais de base, esteve em muitas lutas em defesa do direito dos trabalhadores rurais de Gurupá. 

Ele é uma pessoa muito respeitada pelos trabalhadores rurais de Gurupá, responsável pela conscientização do povo, se organizando em comunidades de base na zona rural e tomando o sindicato dos trabalhadores rurais na cidade, assim fundaram o partido dos trabalhadores na região. 

Tornando senhores do seu próprio destino. 

A história do movimento popular de Gurupá por sua atuação junto ao Sindicado dos Trabalhadores Rurais de Gurupá. 

Em1986 entrou em forte confronto contra as classes conservadoras que até então dominavam a entidade. 

O conflito, que culminou em um acampamento de protesto em frente ao prédio do sindicato durante 54 dias, resultou na retomada da instituição pelos trabalhadores rurais. 

A história de mobilização política de Gurupá é um dos grandes orgulhos da classe trabalhadora e seus líderes. 

O processo de conscientização e educação popular na zona rural foi iniciado pelo padre Giulio Luppi desde que chegou à cidade no início dos anos 70. 


 

Olhares de um caboclo

Nasci sobre olhares noturno;
vivi sempre o inesperado;
meu abismo mental....
complicado foi atravessar o rio agitado;
e traiçoeiro de minha vida.
compartilhei saudade;
compartilhei amizade;
ergui barreira, entre eu e o universo;
fui julgado por acredita em um sorriso;
renasceria em meu exilio;
na beleza escondida;
de um rio.....
na ilha que cercava as águas;
tentei nadar, entre as maresias;
do meu cotidiano, sobraria apenas recordações;
delirantes paixões urbanas;
das quedas fiz uma escada, concreto eu pisei;
nas imensas ondas daquele rio naveguei;
Mararuense sou eu!


 

Gilvanadro Torres,fala sobre Gurupá

Minha cidade de Gurupá conta com dez comunidades quilombolas: Alto do Pucuruí, Gurupá-Mirim, Jocojó, Flexinha, Carrazedo, Santo Antônio Camutá do Ipixuna, Bacá do Ipixuna, Alto Ipixuna, Maria Ribeira e Alto Pucuruí. Todas com direito ao Título de Domínio Coletivo em nome da ARMG (Associação dos Remanescentes Quilombolas do Município de Gurupá), pelo Instituto de Terras do Pará (Iterpa).

Gurupá-Mirim, a mais antiga, é considerada, importante sítio arqueológico, com resquícios de cerâmica indígena, provavelmente Pré-colonial e Colonial. 

Percebe-se que a cerâmica encontrada guarda semelhanças com a tapajônica, devido a motivos antropomorfos (cerâmica com forma humana) e/ou zoomorfos (formas animais).

A economia gira em torno do extrativismo de açaí, borracha, madeira, palmito, peixe e camarão, além de mandioca e cacau. O açaí é o destaque, com mais de 800 mil latas/safra, destinadas a Belém e Macapá.

A pesca é bem organizada graças à Colônia de Pescadores. São mais de dois mil sócios, resultando, em média, duas a três toneladas de peixe por semana. 

Há conflitos com a pesca industrial, por embarcações de maior porte de Belém e Abaetetuba. 

Falta uma fábrica de gelo para o armazenamento do pescado.

Na educação o destaque é para a Casa da Família Rural, na “região das ilhas’, onde os alunos recebem educação voltada para o campo. 

A cidade de Gurupá tem um Área - 8.540 km2,tem em seu munícipio.