Projeto Cultural foi idealizado e Coordenado por GILVANDRO TORRES com objetivo do dialogo sobre a realidade de nossa Amazônia Gurupaense.
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quarta-feira, 11 de agosto de 2021
Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz. Steve Jobs
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Considerando a vivência a realidade e a experiência das localidades visitadas, pesquisando e escrevendo, deixando um legado para as futuras gerações.
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sexta-feira, 6 de agosto de 2021
Quando
estive em Altamira estado do Pará pela primeira vez, senti a necessidade de
falar sobre está cidade, que se originou de antigas missões jesuítas, pioneiros
da civilização que venceram por terra a volta grande do rio Xingu, em meados de
1750.
O Jesuíta austríaco Roque Hunderfund, ousou
navegar nas águas do rio Xingu e ultrapassar a grande cachoeira, tornou-se o
primeiro desbravador de Altamira.
Depois que os missionários foram expulsos por
ordem superior, aquela estrada entre Vitória do Xingu e Altamira foi
desaparecendo até o ano de 1868, quando outra missão católica se estabeleceu na
região com ajuda dos índios das tribos Tacuuba, Penes e Jurunas, posteriormente
fizeram amizades com outras tribos locais: Achipaias, Curiarias, Araras e
Carajas, dando inicio a cidade de Altamira graças à valorosa missão comandada
pelos frades capuchinhos: Ludovico e Carmelo Mazarino, cuja extensão foi até a
margem esquerda do Rio Xingu a foz do rio Ambé.
Segundo vários historiadores e pesquisadores,
foi reconstruído o caminho não mais do distrito de Cachoeira e sim da foz do
rio Tucurui pelo Major do Exercito Brasileiro Leocácio de Souza que fez uma
ariscada expedição mata adentro, desaparecendo na selva.
Com ajuda de escravos o Coronel Gaiôso refez
o caminho da expedição abrindo um pico da foz do rio Juá até o rio Ambé,
iniciando uma grande estrada no meio da mata fechada.
Ficando paralisado o trabalho após o ano de
1888 com a Lei Áurea, que libertaria os escravos.
Um baiano chamado Agrário Cavalcante retomou
os trabalhos para abertura da estrada, até seu falecimento, ficando responsável
pela abertura dos ramais e escoamento da produção na região, seu sobrinho José
Porfirio de Miranda Júnior.
Altamira foi incluída ao município de Souzel
através da Lei nº 8.111 de 14 de abril de 1874. Sendo o maior município do
Estado do Pará, o que exigia que a região do alto Xingu estabelecesse um
governo municipal.
Em 1892 Altamira não parava de crescer,
começando a se tornar Vila, dando aspecto de cidade, em 1911 foi criada uma
comissão para administrar a Vila de Altamira, nomes como Coronel Raimundo de
Paula Marques e Major Pedro de Oliveira lemos eram influentes comerciantes na
época.
Devido a extensão territorial e a falta de
comunicação com a região via marítima, o próprio Coronel José Porfirio de
Miranda Junior defendeu a desmembramento de Souzel, assim o município foi
criado pela Lei Estadual nº 1.234 de 6 de novembro de 1911, data de sua
emancipação na categoria de cidade somente pela Lei nº 1604 de 27 de setembro
de 1917.
Em 1940 a região torna-se um núcleo de
exploração de suas riquezas naturais, expedições, concentrando-se os famosos
“soldados da borracha”, garimpeiros e êxodo rural.
Aquela região cresceu de forma espantosa
alicerçada através do sistema do aviamento e da própria navegação em seus rios,
a busca do minério dourado, mortes violentas nas florestas cercadas por etnias
indígenas.
Em 1950 entre conflitos agrários e o declínio
econômico com a queda do preço da borracha, a pirataria dos segredos da mata
fechada, caçadores e seu comercio de peles de animais, pesca predatória e o
enfrentamento ariscado com os índios ao entrar em lugares considerados sagrados
pelos indígenas na região.
Em 1970 houve a abertura da rodovia
Transamazônica onde foi implantada pelo Governo Federal na época uma politica
de colonização da Amazônia.
Uma fase marcada por ocupações de extensas
terras, para uso agropecuário, colonizando ocupações sem uso, devastando e
interferindo na pacata vida indígena.
Era necessário preencher os chamados vazios
demográficos. Intensificada pelo Programa de Integração Nacional, iniciado
pelos órgãos: SUDAM e do BASA.
Apesar do crescimento populacional possuindo
menos de 6 mil habitantes, migrantes de todos os estados brasileiros,
Foi um crescimento rápido e desordenado, em
1974 foi apresentado pelo Governo Federal uma politica de concentração de polos
agropecuários e agro minerais, tornando-se um polo direcionado as empresas
agropecuárias.
Um processo de ocupação desastroso nas áreas
alagadas ao redor da cidade, tornando uma espécie de periferia urbana, surgindo
novos bairros habitados por ex-colonos empregados e assalariado urbanos
rurais.
Em 1991 a cidade de Altamira possuía mais 50
mil habitantes, já década 2000 houve um
grande salto econômico e social com uma população de mais de 70 mil
habitantes.
No ano de 2010 com o inicio das obras de Belo
Monte o município ficaria marcado por uma nova fase de ocupação da cidade, com
muitas oportunidades de emprego, em contra mão as populações atingidas
diretamente pela barragem com o enchimento do reservatório e as populações
indígenas, seriam temas de grandes debates.
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A FELICIDADE
Aprendemos, no mundo em que estamos, a nos apegar,
a termos e possuirmos cada vez mais.
Toda pessoa que é apegada a bens é uma pessoa sofrida e machucada, não encontra o sentido de ser feliz.
Aqui, não é uma questão de ter ou não bens, a
questão é onde colocamos o nosso coração.
Não há felicidade na ambição, na cobiça,
em ter por ter, e cada vez querer ter mais.
Experimente a felicidade de um coração que sabe PARTILHAR,
DIVIDIR E CUIDAR.
Experimente ser feliz.
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O VELHO SENADOR DO XINGU- CONTO AUTOR: GILVANDRO TORRES
PRIMEIRO RASCUNHO- POSSIVEL LIVRO DE CRÔNICA
APRESENTAÇÃO
Nesta
obra, tento passar através de dados históricos uma biografia não autorizada,
sem descendente direto, foi preciso mergulhar e viver nesta região em que o
velho Senador Estadual que fez amigos e
inimigos.
Agradeço
a cada leitor, permita-me a dizer é um livro que marca uma época de glamour na
região do Xingu, fazendo o leitor mergulhar numa sociedade dividida, opressora
e custeada pelo sangue e suor dos menos favorecidos.
Escrever sobre a história da região do Xingu é algo fantástico, é como viver aquela época da ascensão a queda de um Coronel que tinha tantos admiradores como inimigos políticos, teve uma vida de luxo ao mesmo tempo simples ao querer transformar uma região até então apenas de mata fechada em uma região prospera, José Porfírio de Miranda Júnior, foi um político da República velha.
CAPITULO I
O
IMPONENTE RIO XINGU, ALI NASCEU UM SONHO.
A origem histórica do atual município de Senador José Porfírio está relacionada com o antigo município de Souzel.
Sabe-se, entretanto, que antes de 1750, as antigas
missões dos jesuítas da Companhia de Jesus, foram as que levaram os primeiros
traços de civilização ao Xingu, após vencerem, por terra, a Volta Grande
daquele rio.
Ali se estabeleceram, fundaram uma missão e abriram uma estrada primitiva, fazendo a ligação entre essa missão e a localidade de Cachoeira, no rio Tucuruí.
Após a
expulsão dos jesuítas, esta estrada ficou praticamente abandonada e foram
posteriormente reconstruídas, em 1868, pela missão dos Capuchos da Piedade dos
frades Ludovico e Carmelo de Mazzarino.
Ao se
instalarem na antiga missão dos jesuítas, os Capuchinhos reergueram-na e,
contando com um número maior de índios de diferentes tribos, promoveram o seu
crescimento e desenvolvimento.
Com essa
missão, estabeleceram-se os fundamentos do povoamento, à margem esquerda do rio
Xingu, acima da foz do rio Ambé que, ao se desenvolver, transformou-se no
povoado de Altamira, e, mais tarde na vila de Altamira.
Não se
sabe, entretanto, a data precisa em que o povoado foi fundado.
Pela
tradição deixada pelos capuchinhos, o major Leocádio de Souza viu a
possibilidade de reconstruir o caminho, não mais de Cachoeira, porém, da foz do
rio Tucuruí até o povoado de Altamira, porém sua expedição não obteve êxito.
Posteriormente,
em 1880 o Coronel Gaioso tomou a empreitada, juntamente com seus escravos,
iniciando a abertura de uma boa estrada de rodagem, até a embocadura do rio
Ambé, que ficou paralisada e perdida em consequência da Lei Áurea, que o privou
de sua escravaria.
O baiano
Agrário Cavalcante dando continuidade à tarefa, na parte relativa à abertura da
estrada para o Ambé, não conseguiu, porém ver seus esforços coroados de
resultados, por seu falecimento. Seu sobrinho José Porfírio de Miranda Júnior
concluiu definitivamente a grande via e adquiriu a sua propriedade e lhe deu
prosperidade.
Desenvolveu
ao máximo os seus negócios da região, sendo o maior produtor de borracha e
caucho no Pará, introduzindo métodos dos mais modernos à época, para incremento
de suas atividades. Em face da Lei n.º 811, de 14 de abril de 1874, foi criado
o município de Souzel.
Sendo eleito de forma duvidosa sem registro eleitoral o Sr. José Porfírio de Miranda Júnior como seu Intendente municipal, cargo que hoje se refere a Prefeito municipal, como Intendente de Souzel, dotou o município de melhoramentos para a época, tais como iluminação a gás, serviço de limpeza urbana, além de um majestoso edifício para sede da municipalidade e a Igreja Matriz, hoje em ruínas. Deixando a Intendência foi eleito Senador Estadual, sendo reeleito sucessivamente comprando votos e apoio, através de barganhas politicas e intimidação com o povo local até o ano de 1930, quando foram extintos os Senados estaduais, por força da Revolução de outubro.
CAPITULO
II
UMA
ÉPOCA DE CORONÉIS
Entre as 4 horas da manha ou 5 horas da manhã os seringueiros saiam para coletar o látex, obedeciam ao sistema injusto do aviamento de mercadorias a credito, com preços altos.
O
patrão cedia ao seringueiro mantimentos e material de trabalho como botas,
terçado, querosene e tabaco, e o seringueiro pagaria a divida com a produção de
borracha, o preço das mercadorias era injusto e nunca o seringueiro conseguia
pagar sua divida.
Depois
de retirar o látex da árvore peneira o liquido tirando as impurezas e
adicionando o agente vulcanizador é levado ao fogo por uma hora.
O
látex era adicionado ainda na mata com água de cinza, um conservante natural
que impede a coagulação.
O contraste existente entre os modos de vida
revelados seja na suntuosa construção do casarão, em comparação a simples
morada do seringueiro, até a forma de comercio desigual e combinada imposta aos
seringueiros da época pelo patrão seringalista.
Era um cenário estabelecido por uma liderança
politica que se intitulavam dono de vários seringais e extensão propriedades de
terras era o senhor José Porphirio de Miranda Júnior, que alcançou cargos
expressivos na politica, de Intendente ao Senado Estadual do Pará.
Ao adquirir o Titulo Honorifico Militar do exercito
da Guarda Nacional de Coronel.
Valendo-se de alianças políticas e familiares para
barganhar terras e prestigio assim como no caso do Jarí o Coronel José Júlio se
casou com a filha do Intendente Municipal de Almeirim a Sra. Laura Neno. Na
situação do Xingu foi à aliança politica com o Senador Antônio Lemos então
força politica no Estado do Pará, o político José Porphirio casou-se com a
sobrinha do Senador Antônio Lemos, a Sra. Rosalina Lemos.
Para explicar todo processo de barganha politica,
citamos a República com suas terras devolutas que antes faziam parte do
patrimônio da Coroa, passou a pertencer ao estado, à constituição de 1891 em
seu artigo 64, apenas deixou sob tutela da União as faixas de terras
necessárias para a defesa das fronteiras, fortificações, construções militares
e estrada federais, dando autonomia ao estado fazendo herdeiros do grave
problema fundiário.
No Estado do Pará foi delegado as Intendências
Municipais as demarcações e os registros de terras e suas posses o que
transformava em um ato de concessão pessoal, virando uma troca de favores
políticos na região; Acumulando assim posses de terras e favorecendo seus
afilhados políticos.
A situação da escravidão dos seringueiros que
trabalhavam no seringal do Intendente de Souzel ficou claro a desigualdade e
crueldade com o povo de menor renda, a fuga do seringueiro na região do Xingu
era difícil tanto pela geografia do local que permitia a fiscalização dos
jagunços do Intendente.
Seu imponente palacete em estilo europeu, com
mobílias de madeira em lei, deitado na rede liderava um povo, entre
admiradores, servos e inimigos políticos, criava-se ali um personagem que
marcaria a historia da região do Xingu.
Seu palacete com jardim e iluminação a gás
acetileno, no auge de sua trajetória, palco de acertos políticos e festas na
sociedade composta por seus apadrinhados, a custo do suor, sangue do trabalho
escravo vindo das matas, os gritos de horrores traduzidos em silêncios e covas
rasas sem identificação.
Como Intendente de Souzel, foi um excelente
administrador público neste período o município teve iluminação a gás, serviço
de limpeza urbana, além de mandar construir um majestoso edifício para sede da
municipalidade e a Igreja Matriz.
Festas e mais festa com as famílias tradicionais e
convidados de honra, fumava seu charuto cubano e tinha servas sexuais para as
noites de inverno amazônico.
Uma
goma extraída da seringueira (hevea brasiliensis), o produto comercial adquiriu
importância na atividade automobilística que teve impulso econômico, social e
principalmente nas cidades de Belém e Manaus.
Muitos
nordestinos foram para região amazônica com o sonho de uma vida melhor, o
governo federal estimulou a imigração das famílias.
Quando as matas se fecham, surge no lugar uma voz que tenta gritar, um povo que merece viver, anos de tradição levados pela obsessão, aqueles que trouxeram a desenvolvimento, comprado pelo escambo tradicional; Palavras enganadas ao povo um grito ecoou nas florestas deste imenso rio.
Cala-se a voz, é imposto um muro visto de longe como fachada do desenvolvimento à custa de exploração.
Quando imaginamos que os patrões faziam seu aviamento à custa de
um sistema econômico opressor e injusto...
Os Seringueiros passavam o dia tirando o látex nas estradas de
seringueiras e vendiam o fruto do seu trabalho a troco de vale.
O dono do Comercio era o
famoso patrão, que era subordinado ao Coronel José Porfirio que se dizia dono
de grandes lotes de terra, colocavam seu preço nas mercadorias e aumentavam o
quanto podiam nunca os trabalhadores pagavam sua dívida.
Um
tempo onde os Coronéis dominavam a vida econômica e política da região, onde o
sistema econômico era o aviamento na base do escambo, e o sistema político era
o coronelismo, onde o posseiro e seringueiros eram obrigados a votar no
candidato do dono da terra onde o posseiro trabalhava.
A casa
do patrão chamada de barracão era feita de madeira de lei e telhas de barro,
pintada a óleo de branco e azul ao lado a casa que servia de comercio, entre as
paredes muita mercadoria, o lugar era calmo e sereno mais escondia um sistema
duvidoso economicamente onde os preços eram altos e quase sempre deixavam os
seringueiros ainda mais endividados e forçados a entregar a produção pelo um
preço menor.
O
comercio lotado de mercadorias, onde os posseiros se atolavam em dividas, Ainda
vendiam cachaça e querosene a preço de ouro.
A casa
do seringueiro era na mata distante do barracão do patrão, perto das estradas
de seringueira, coberta de palha, ponte de tala de açaizeiro, a terra
emprestada onde roçava, e pescava no rio, o cenário não mudaria era a
continuação do opressor contra o oprimido, uma época de medo e sem consciência
política, onde o povo vivia na escuridão intelectual dos seus direitos, onde o
grito era calado com a força dos patrões.
Onde
alem dos perigos da mata como as onças, os índios que eram os verdadeiros donos
das terras ali exploradas, entre dias e semanas exaustivas eram comuns
desaparecer seringueiros na mata e serem encontrados mortos e decapitados pelos
índios Araras.
Quantos nordestinos, sobretudo, que
abandonavam a zona da mata devido à avassaladora seca aceitavam, então, as
condições de um trabalho desumano nos seringais da região do Xingu.
A vida
dos seringueiros era dura, era um trabalho solitário, só vinham na sede do
casarão, para trazer a produção e trocar por instrumento de trabalho e comida
como carne seca, feijão, arroz e sal.
O
endividamento era eterno, no barracão de aviamento o Seringalista dono do
seringal estipulava o preço das mercadorias e quando um seringueiro começava e tiver
saldo era oferecida cachaça.
Coronel
José Porfirio controlava todos seus fregueses, suas supostas propriedades
rurais, cada palmo de terra era percorrido, em sua casa perto do forte do Ambé,
era um recanto ao estilo europeu.
Paredes
com molduras e porta retratos em ouro, mesa de madeira de lei com varias cadeiras,
cristais franceses e um piano alemão, um tempo áureo da borracha, luxo e
riqueza, poder e desigualdade social.
A
feição do seringueiro era impiedosa, a pele envelhecida e sonhos distantes,
daqueles que nunca mais voltaram a sua terra, morrendo em pouco tempo ou era de
malária ou da má alimentação e as condições desumanas de trabalho.
O
processo da coleta do látex era cortado de noite devido à frieza de não poder
pegar a quentura que transforma leite em borracha, a casa de defumação era
onde o seringueiro fazia o processo de
defumação e com o calor e a fumaça trazia doenças pulmonares.
Os
capangas do Gerente do Seringal eram impiedosos, sempre nas matas a vigiar os
seringueiros, e quando um tentava escapar pela mata eram mortos a tiros ou
castigado.
O
Coronel José Porfirio estende seu poder na região, com a patente de militar
comprado da antiga Guarda Nacional, se torna Intermediário com o Governador do
Estado para buscar votos, envolvendo a riqueza em busca de se manter no poder,
candidatando a Senador Estadual. Com seu exercito particular e seus apoiadores
de famílias tradicionais na época, mantendo apoio aos latifundiários da região.
Com
seu poder de persuasão delegava tarefas sem estar no meio do povo mandava fazer
o alistamento eleitoral, através dos cabos eleitorais do Coronel José Porfirio,
como a maioria da população era analfabeta, era preciso fazer um requerimento
do próprio punho do Seringueiro, na época o voto não era secreto e todos tinham
que votar no Coronel, este era o segredo de nunca ter perdido uma eleição.
Enquanto
o Coronel vivia no luxo e no poder, nas estradas de seringais os seringueiros
morriam de malária, eram constantemente ameaçados pelos jagunços do Gerente dos
Seringais pela baixa produção, a qualidade do látex péssima, cortes mal feitos
escorria numa recipientes de alumínio que acumulava o liquido, o preço
desvalorizado.
CAPITULO
III
O
PODER SENDO SUBSTITUÍDO
O barco da frota do Senador José Porfirio chamado de “Rio Xingu”, vinha buscar a produção no porto de Vitória do Xingu, cada viagem para Belém diminuía a produção.
Em Almerim o poder do Coronel José Julio
também estava decaindo com revolta de trabalhadores, acima das terras de
Almerim em Belterra na fábrica de Fordlandia houve uma grande manifestação dos
trabalhadores conhecido como “quebra panelas”.
Já nos seringais do Coronel, eram comuns
emboscados dos índios matando os seringueiros, em confrontos os seringueiros
para se defender matavam os índios, a presença de novos políticos na região e
novas mentalidades trazidas da Europa e das manifestações da capital paraense,
o Senador começou a perceber que seu poder estava em decadência.
Nas festas promovidas em Altamira nos clubes
sociais não usavam mais os broches com sua esfinge, tornou-se um defensor da
emancipação da vila de Altamira.
Em sua trajetória politica era aliado do
Intendente Antonio lemos, acumulou vários opositores conhecido como Laurista ou
seja seguidores do Governador do Estado do Pará Lauro Sodré. Entendendo que a educação era única forma de
tirar o povo da ignorância, introduzindo no Pará a municipalização do ensino.
Seu Governo liberou recursos e as prefeituras
construíram escolas. Isso que os
coronéis e seringalistas da região não queriam, quando o povo começa a ler e
escrever começa a conhecer seus direitos e busca-lo usufruir.
O Coronel José Porphirio de Miranda Junior,
após ficar viúvo, casou pela segunda vez com Rosalina Lemos, sobrinha do
senador Antonio Lemos, ao que parece, não mediu esforços para entrar na
família; pois segundo rumores da região do Xingu, José Porphirio sobre sua
participação na morte de sua primeira esposa para poder casar-se com Rosalina
Lemos.
O coronelismo clássico que praticava com uma
mistura assistencialista quando se tinha interesse, sua esposa morava numa
luxuosa casa no Rio de Janeiro na época capital do Brasil, nunca morou na
região do Xingu.
Os jornais paraenses tratavam o Coronel José
Porphirio no Xingu, o descrevem como: “dominador e imperial senhor (...)
feudatário da região”.
Na região do Xingu a fuga dos seringueiros
se tornava mais difícil em virtude da geografia local, cheio de cachoeiras e
com poucas possibilidades de acesso, o que permitia maior fiscalização sobre a
circulação dos trabalhadores.
Segundo as noticias publicada na Folha do
Norte no ano de 1904 divulgava as crueldades praticadas, desta vez nas
propriedades de José Porphirio.
O jornalista enfatizava que na região do
Xingu era costumeira a prática de assassinatos, na mesma frequência em que se
tomava um copo d'água, no caso em que o guarda livro do estabelecimento
comercial do dito seringalista mandou “amarrar o infeliz e ordenou que lhe
desse uma surra de umbigo de boi”.
Durante a surra “o desventurado exalou o
último suspiro”.
Com o desenvolvimento da região apareceu um
novo modelo de compra e venda através dos regatões eram os comerciantes que em
barcos percorriam o rio Xingu para vender ou trocar mercadorias, o que permitia
aos trabalhadores fugirem do esquema de compra e venda de mercadorias
realizadas nos barracões de propriedade dos patrões, conhecido como aviamento.
A borracha utilizada para troca nos regatões
pelos trabalhadores era fruto do desvio de parte da produção que deveria ser
repassado aos patrões, comércio clandestino que causava preocupação.
Na região do Xingu por ordem do Coronel José
Porfirio foi estabelecida a aplicação de
multas aos comerciantes de regatão.
O
Coronel José Porphirio era o maior comerciante seringalista da região, portanto
um dos principais interessados na extinção desse tipo de comércio.
Começando a dividir seu poder, tornando
vulnerável com o novo sistema econômico imposto na região.
Com a queda do preço da borracha, e a perda
de toneladas depositadas nos seringais da região, o Coronel José Porfirio
começa a ter muitos prejuízos onde é forçado a vender algumas propriedades e
seus próprios Gerentes, é passa a morar numa pousada em Altamira, já com uma
idade avançada e sozinho, já que sua família mora no Rio de Janeiro.
O Senado estadual, no Brasil, era uma das casas do poder legislativo dos estados durante
a República Velha, sendo extinto no ano de 1930, Senador Jose Porfirio
passa a prever que seus dias de poder na região estariam perto do fim.
A
partir da década de 1920, começaram a surgir no cenário nacional alguns fatores
sociais e políticos que contribuíram decisivamente para o declínio e derrocada
da República Velha.
Com
a chamada “Revolução de 1930”, as oligarquias regionais foram afastadas do
poder e as Assembleias Legislativas foram fechadas, dessa vez por cinco anos.
A
normalidade constitucional só voltaria ao país em 1934.Magalhães Barata
afilhado político de Lauro Sodré, com a vitória da revolução, deixou a prisão e
rumou para Belém, onde assumiu o cargo de Interventor Federal no Pará no dia 12
de novembro de 1930.
Sua
chegada à cidade motivou uma grande manifestação popular de apoio.
Promovido
a Capitão três dias depois de sua posse como interventor.
O novo Interventor era afilhado politico de
Lauro Sodré e não via com bons olhos o poder econômico dos Coronéis José Júlio
em Almeirim e Jose Porfirio na região do Xingu, o Interventor
Magalhães Barata comandou a repressão ao movimento, sufocando-o com o emprego
de forças do Exército, da Marinha, da polícia e do Corpo de Bombeiros.
Devido
a seu hábito de percorrer sistematicamente o interior do estado, o Interventor
consolidou a capacidade eleitoral de seu partido, conquistando um apoio maciço,
que no futuro iria compensar seu pouco prestígio na capital do Estado do Pará.
Porém o tempo conspirava contra a economia da borracha em 1912 foi o começo do fim, a cotação internacional
da borracha registra quedas preocupantes, começou a tornar-se um negócio menos
atrativo, começou a ficar difícil manter a mesma opulência e ostentação
sustentada artificialmente sobre os lucros da borracha inflacionada.
Em Belém seu cunhado Antônio Lemos sofre restrições
orçamentárias, ficando difícil
governar um menor orçamento para uma gestão acostumada a mais de uma década com fartura e abundância de recurso foi deposto do cargo de Intendente pelos
seguidores do então Governador Lauro Sodré, arrastado por vias
públicas, Antônio Lemos partiu para o Rio de Janeiro.
Em
1929 a economia mundial é abalada por uma forte crise provocada pela falência
da bolsa de valores de Nova York.
A
crise de 1929 atingiu duramente os Estados Unidos e os países europeus, atingiu
duramente a economia do Brasil.
Seu poder já está limitado apenas um cidadão
que sentado à beira do rio Xingu numa pousada onde fazia refeição diariamente,
já abatido e doente, respirou e lembrou quando pisou na região e se tornou um
desbravador
de quase todo vale do rio Xingu, fundou estabelecimentos comerciais e feitorias
até suas cabeceiras, já nos limites de Mato Grosso, fundou a vila de Vitória, à
margem do rio.
Em rodas
de conversas com poucos amigos que sobraram depois que saiu da vida pública
lembrava que no ano de 1874, em face da Lei nº 811, de 14 de
abril de 1874, foi criado o município de Souzel. José Porfírio de Miranda
Júnior como seu primeiro Intendente.
Devido
à sua grande extensão, Souzel, o maior Município do Estado do Pará, necessitava
de uma divisão administrativa, bem como se fazia necessário o estabelecimento
de um Governo Municipal no alto Xingu, que era uma região mais desenvolvida do
que o baixo Xingu.
Com
isso Souzel foi desmembrado e deu origem ao município do Xingu, com sede na
cidade de Altamira.
No quadro da divisão administrativa para 1936, o município do Xingu compunha-se de onze distritos, entre eles o de Souzel.
CAPITULO
IV
DEVANEIOS DA PERSUASÃO
As proezas que administrou Souzel com iluminação a gás tentou fazer do Xingu uma recordação francesa, de uma época de extravagância a custo do suor e das mortes dos seringueiros. Ainda relembrou sobre a realidade vívida pela maioria dos seringueiros que vieram tentar a sorte na região do Xingu.
Alias, do Nordeste, o falado cabras da peste chegaram ao o seringal, no Rio Xingu, em uma só madrugada foram quase todos devorados pelos índios Urubus.
Certamente ali ele ainda se sentia como o eterno Senador do
Xingu.
Sabe-se
que tinha um traço marcante, um líder da persuasão com uma capacidade de fazer
inimigos ferrenhos, desde que se estalou no portão de entrada do alto Xingu, a
própria carreira politica desde Coronel que passou de Intendente de Souzel em
1874, Deputado Federal em 1899 a Senador Estadual em 1904.
Tornou-se
durante décadas a maior autoridade da região do Xingu, dominou o panorama
político, social e comercial.
Foi sob a
batuta do Senador Jose Porfirio que no dia Altamira recebeu foros de cidade,
deliciando aos moradores da recém-criada cidade festas de luxo no Clube que
levava seu nome, todos usavam um broche com a efígie do Senador.
Seu belo
palacete com mobílias vinda da Europa no Forte Ambé era um local onde fazia
seus acordos políticos, que ele ostentava seu luxo com um belo jardim iluminado
com gás acetileno, que anos depois de sua morte desintegrou-se rapidamente com
o vandalismo os curiosos cobiçavam os enfeites, o Prefeito da época mandou
demolir tijolo por tijolo, aproveitando todo o material que restou para fazer
um muro de um novo cemitério.
Com a
invasão crescente de seringueiros, seus seringais progrediram onde prosperava, e não era apenas o comercio que
sustentava sua riqueza alem de possuir grandes áreas de terras planas para a
criação de gado, possuía áreas de castanhal, roças e lavouras, fiscalizadas
cruelmente por seus capangas tanto no Xingu quanto no Iriri.
Na
estrada que liga hoje Altamira e Vitoria
do Xingu, na época chamada de estada oito de janeiro em homenagem ao dia que
nasceu sua esposa, possuía uma frota rodante que onde transportava toda
produção dos colonos, a seu preço claro....
O clube
Social Altamira era um luxo onde servia um bom vinho e apresentava saraus ao
som da rebeca, o Senador ali sentava na cadeira de cor dourado e fumava um bom
charuto cubano.
Enquanto
isso na rua dos tocos hoje Magalhães Barata os seringueiros vinha para cidade
gastar o pouco que tinham nos botequins com cachaça e uma farta diversidade de
profissionais do sexo.
Foi
nestas noites em Altamira que o Velho Senador que ganhava sucessivamente as
eleições, contraiu uma gripe aparentemente simples, que se revelou a
tuberculose quando bebia em copo de ouro o puro vinho português, ao se
deliciar, tossindo em seguida ao ver seu lenço
sujo de sangue, espantou-se e retornou a pensão onde morava.
As
dividas contraídas ao longo do tempo com o preço da borracha baixo, perderam
inúmeras toneladas na mata, desavenças com seus próprios aliados, mudança de
governo, perseguição politica levou a falência.
Desgostoso
com a politica, ao não ser mais preferido entre os convidados nas famosas
festas da alta sociedade, foi ludibriado no comercio por seus próprios
fornecedores, a saúde fraca e a imagem do desalento, caminhando pela orla de
Altamira sentiu-se solitário.
Lembrou-se
de seu tio um baiano empreendedor e visionário chamado Agrário Cavalcante, dono
de muitas terras, que após sua morte tomou o lugar de seu tio.
Em 1896 com
a herança de seu tio se tornou o patrono
de toda aquela região, sendo pioneiro no ramo da navegação com lanchas a motor,
e seu grande navio “ Rio Xingu”, que fazia viagens regulares a capital Paraense
ao se tornar Associado numa grande casa de uma forte casa comercial em Belém.
Meses
depois já bastante doente viaja para o Rio de Janeiro junto a sua esposa,
jamais voltaria novamente falecendo pouco tempo depois em 1932.
Em 1961, através da Lei nº 2.460 de 29 de dezembro, durante o
Governo do Estado do Pará Dr. Aurélio Corrêa do Carmo, o município de Altamira
foi desmembrado para reconstituir o município de Souzel, quando adquiriu em
definitivo sua emancipação político-administrativa, e foi elevada a categoria
de município com a denominação de Senador José Porfírio, em homenagem ao velho
Senador do Xingu.
Devido à
sua grande extensão, Souzel, o maior Município do Estado do Pará, necessitava
de uma divisão administrativa, bem como se fazia necessário o estabelecimento
de um Governo Municipal no alto Xingu, que era uma região mais desenvolvida do
que o baixo Xingu.
Com isso
Souzel foi desmembrado e deu origem ao município do Xingu, com sede na cidade
de Altamira.
No quadro
da divisão administrativa para 1936, o município do Xingu compunha-se de onze
distritos, entre eles o de Souzel. Posteriormente o município do Xingu teve seu
nome alterado para Altamira, em face do Decreto- lei nº 2.972, de 31 de março
de 1938.
Em 1955
houve uma primeira tentativa de desmembramento do sue território para
constituir os municípios de Souzel e São Félix do Xingu, conforme a Lei nº
1.127, de março de 1955, a qual foi considerada inconstitucional pelo Supremo
Tribunal Federal.
Porém, em
1961, através da Lei nº 2.460 de 29 de dezembro, durante o governo de Aurélio
Corrêa do Carmo, o município de Altamira foi desmembrado para reconstituir o
município de Souzel, com o nome de Senador José Porfírio e criar o município de
São Félix do Xingu.
O
município de Senador José Porfírio teve seu território desmembrado para
constituir os municípios de Vitória do Xingu, em 13 de dezembro de 1991, pela
Lei de Criação nº 5.701, e o município de Anapu, em 28 de dezembro de 1995, através
da Lei de Criação nº 5.929, atualmente, apenas do distrito- sede Senador José
Porfírio.
O
município fica localizado a margem direita do Rio Xingu, é de uma grande
exuberância natural, sua sede é conhecida apenas como Souzel, é a
única cidade do estado do Pará que possui uma praia bem na frente,
com tantas belezas naturais do imponente Rio Xingu.
Todo escritor deve obrigatoriamente desenvolver duas habilidades fundamentais para que seu livro tenha sentido: a primeira é dar voz aos mortos, falar e viver o que eles viveram, tem a capacidade de se refugiar mentalmente e se deixar levar a cada pagina aquela época, coisa que só se consegue depois de refletir e pensar solitariamente diversas vezes.
Outra
coisa e convencer o leitor que aquele livro mostra a realidade da época, as
desigualdades sofridas numa época de opressão, onde os oprimidos não tinham
defensores. Depois de uma cuidadosa pesquisa consegui concluir este obra, que
tenho certeza que será imortalizada, para que este povo da região do Xingu
nunca mais deixe que um Coronel domine o poder por tantos anos, porque o poder
é somente do povo.
AUTOR: GILVANDRO TORRES- RASCUNHO 2017-2021
Fontes consultadas:
-Revista Fort Xingu-2009;
-Agenda 21 local Altamira- 2009;
-Professor Ubirajara Marques Umbuzeiro- Altamira e sua História-1999;
-Cesar Pinto da Silva/ Marly Solange Carvalho da Cunha- Os Joses na
Republica: alguns apontamentos sobre poder, demarcações e tensões sociais no
interior do estado do Pará (1889-1928);
-Jornal Folha do norte data de 16 de abril de 1904-p1;
-Dados do IBGE-2010;
-Ferreira de Castro- A selva;
- Barbara Weinstein- A borracha na Amazônia: expansão e decadência
(1850-1920)-EDUSP-1993;
- Vânia Maria Menezes de Figueiredo- Altamira, latitude esperança-
1976.
- Henri Coudreau- Voyage au Xingu- 1896
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quinta-feira, 5 de agosto de 2021
Estirão do rio (Conto) autor: GIVANDRO TORRES
APRESENTAÇÃO
Quando comecei a escrever esse livro foi uma experiência
muito gratificante, descrever um cotidiano de extrema beleza interiorana, um
conto misturado com senso realista de conflitos sociais.
De um olhar poético e sensível as causas sociais,
misturando sentimentos e descrevendo nas palavras que se transformavam em um
livro consciente e baseado em uma história real, tendo como objetivo fazer o
leitor se questionar sobre sua sociedade que pertence, esta mesma sociedade que
abriga um sistema opressor e desigual.
Tento passar um cotidiano de transformações sociais e
forçar através das palavras ocultas e políticas que não se consegue nada sem
lutar por melhorias e condições sociais para a comunidade em que vivemos.
Espero que o leitor viaje intensamente nos poemas e
perceba que proteger o meio ambiente é um dever de todos nos.
Tendo infiltrado em cada leitor a pergunta: em que lado
do rio você está, do lado dos opressores ou do lado dos oprimidos?
A vida é uma sensação de riscos ou
se molha ou se afoga o certo que tem que se conhecer o outro lado da margem.
Quando as matas se fecham, surge no lugar uma voz que tenta
gritar, um povo que merece viver, anos de tradição levados pela obsessão, aqueles
que trouxeram a desenvolvimento, comprado pelo escambo tradicional.
Palavras enganadas ao povo um grito ecoou nas florestas deste
imenso rio.
Cala-se a voz, é imposto um muro de concreto. É visto de longe um
belo monte de mentiras, desenvolvimento à custa de exploração.
Quando imaginamos que os patrões faziam seu aviamento à custa de
um sistema econômico opressor e injusto...
Os trabalhadores rurais passavam o dia em seus roçados e vendiam o
fruto do seu trabalho a troco de vale.
Os comerciantes que se diziam donos de grandes lotes de terra
colocavam seu preço nas mercadorias e aumentavam o quanto podiam nunca os
trabalhadores pagavam sua dívida.
Primeiro foi às sementes de ucuuba, depois palmito e por ultimo as
toras de madeira.
Passados os anos esses trabalhadores unidos se rebelaram e se
organizaram.
Não teve sangue na luta mais teve luta no dia a dia.
Os patrões se acabaram, as grandes empresas madeireiras faliram,
as casas de comercio e seu sistema hoje está abandonada pelo tempo.
Fizeram representantes legítimos da classe trabalhadora. Com os anos fizeram representantes no legislativo, combatentes a serviço da luta.
A luta se concretizou e o povo venceu e a terra hoje é de todos.
Uns grupos de trabalhadores rurais uniram-se e se organizaram era
uma longa caminhada também estava decidida a luta sem foice e nem martelo mais
frente a frente com as imposições dos patrões.
Um
tempo onde os patrões dominavam a vida econômica e política da região fictícia
chamada ESPERANÇA e o sistema econômico era o aviamento na base do escambo, e o
sistema político era o coronelismo, onde o posseiro era obrigado a votar no
candidato do dono da terra onde o posseiro trabalhava.
A
família trabalhando na roça, o pai cansado de uma noite mariscando tapando
igarapé e despescando com timbó, a mãe fazendo comida, tratando peixe e
amolecendo os caroços de açaí para fazer o vinho tão esperado e as crianças
brincando a beira do rio com um olhar esperançoso ao ver o barulho do rio em
que vem um barco de pequeno calado, encosta no trapiche da casa do trabalhador rural José ( personagem fictício)
.
Era
um dos empregados do latifundiário e comerciante local conhecido como Coronel SILVEIRA( personagem fictício),
que estava convidando para trabalhar, ou seja, intimando já que seu Jose morava
em suas terras.
O
pai da família foi convidado para roçar na casa do patrão dono de uma porção
improdutiva de terras de várzea ao ouvir o convite.
Ficou
segundo pensando em silencio e acocado decidi ir atrás, embarca na canoa se
despedindo da família, com um terçado rabo de galo e uma pedra para amolar
coloca na canoa, arruma no porão da canoa uma panela contendo seu almoço, tira
com uma cuia a água da canoa e embarcando com o remo de pracuuba segue seu
destino.
Com
um porronca acesso, remando há algum tempo, as paisagens do rio são lindas, o
verde das palmeiras do açaizeiro faz a diferença, o barulho da mata batiza o
momento único entre o ser humano e a natureza.
Rio
é longo cheio de estirões e correnteza leva com a força nos braços do pai de
família ao remar com seu remo feito de pracuuba.
Chega
ao porto da casa grande, o patrão já está no comercio atendendo os fregueses,
aviando os posseiros com preços impagáveis.
José
o pai de família amarra sua canoa, no trapiche, subindo com seu material de
trabalho, olha a casa do patrão Lima era feita de madeira de lei e telhas de
barro, pintada a óleo, caminho era novo e velho ao mesmo tempo, entre as paredes
notas antigas e muita mercadoria, o lugar era calmo e sereno mais escondia um
sistema duvidoso economicamente onde os preços eram altos e quase sempre
deixavam seus fregueses ainda mais endividados e forçados a entregar a produção
pelo um preço menor.
Seu José passa pelo patrão com um olhar com
desconfiança, um olhar de dono da situação imagine um comercio lotado de
mercadorias, onde os posseiros se atolavam em dividas.
Fala
cordialmente com os amigos que já estão no local para roçar a área em torno da
casa do patrão, José o pai de família pega seu terçado rabo de galo e sua pedra
para amolar, prepara o instrumento e começa a trabalhar.
Era
sol de meio dia, os rostos dos trabalhadores suando, um olhar sem esperança
mais ativo ao horizonte, o barulho do mato grande não dá tempo de se esquivar
era a serpente que encontraria seu calcanhar, a dor era insuportável era o
sangue que sai de sua perna e se misturava na terra, era os companheiros que
acudiram, mais não do tempo.
A
temida jararaca venenosa, não deu tempo de chegar a cidade atravessaram o rio
sob tormenta e dor, seu José gritava, mais em seu pensamento vinha a dor maior
sua família, pois sabia que ia ter que deixar em poucas horas.
Os
olhos do pai de família se fecham a dor do luto de seus familiares e o patrão
intacto não reconhece e apenas fecha a porta de sua casa, alguma hora depois
estava no comercio aviando seus fregueses era um dia de luto a morte daquele
trabalhador fez seus filhos lutarem por dias melhores.
OS ANOS SE PASSAM...
A casa de madeira coberta de palha, ponte de
tala de açaizeiro, a terra emprestada onde roçava, tirava madeira e pescava no
rio, o cenário não mudaria era a continuação do opressor contra o oprimido, uma
época de medo e sem consciência política, onde o povo vivia na escuridão
intelectual dos seus direitos, onde o grito era calado com a força dos patrões.
Era o dia de abastecer a dispensa, era o dia
de ir à casa do patrão, preparam-se a família para remar horas pelo estirão de
rio, as crianças com um olhar de temer afinal era o patrão.
A chefa da família viúva coloca o remo na
canoa, era 13hs o sol estavam beirando os 32 graus, a localidade fictícia ESPERANÇA
estava agitada se preparando para um temporal.
Remando há quase duas horas chega-se a casa
do patrão, fazia muito tempo que seu esposo tinha falecido naquele local, as
crianças desembarcam com certo medo, pois as dívidas da família estavam
atrasadas, as crianças ficaram atrás da mãe enquanto ela esperava o patrão
jogar baralho no pátio de sua residência, com os amigos.
Depois de horas esperando, ele resolve
atende-la com certa arrogância e indiferença social, gesticulando e com um tom
ameaçador, ao mesmo tempo em que atende a viúva despachando sua nota de
mercadorias pelo meio.
As crianças com medo do tom do patrão estavam
assustadas, entre elas um menino de quase oito anos, com uma roupa bem usada
estava descalço e de cabelos grande, um olhar no horizonte observa com temor
toda aquela situação.
A família da viúva embarca na canoa com as
mercadorias, e retornam para sua casa, afinal levavam a farinha, querosene e
demais mantimentos que davam para se manter até pagar a dívida no sistema de
escambo, o olhar da mãe ficou marcado na vida deste menino... Chamado JOSÉ
MARIA( filho de José, personagem fictício).
Anos se passam esta família passou muita
fome, tiveram que aprender desde cedo a caçar, pescar e tirar açaí, tirar
madeira em troncos com machado e fazer roça para sobreviver.
Os anos se passam este menino chamado JOSÉ
MARIA, foi estudar fora do município como Seminarista na cidade de BOA VISTA( cidade
fictícia), bem distante da família e passa a viver a efervescência do movimento
social da época.
A luta pela terra e conscientização de seus
direitos e deveres baseado na constituição universal dos direitos humanos,
retorna a sua terra natal e passa a atuar diretamente na fundação partidária e na
conquista dos trabalhadores rurais.
Um tempo de lutas sociais na localidade ESPERANÇA
e estuda o estatuto da terra. As
conquistas são feitas a parti do momento em que o povo conhece seus direitos, a
luta pela terra baseada no estatuto da terra provocou a tomada do sindicato dos
Trabalhadores rurais dos pelegos.
O povo estava se organizando em comunidades
eclesiais de base, preparando e formando lideranças, a união de pensamentos
contra a exploração do trabalhador foi à ideia de fundar um partido político
para tomar o poder dos patrões, seria o ponto de partida para revolucionar a
época.
Reuniões intensas foram debatidas,
candidaturas forma definidas entre encontros em 1980 lança para candidato ANTÔNIO
COSTA( personagem fictício), sendo derrotados pela elite econômica da época
composta por latifundiários improdutivos, mesmo assim não desistiram da luta e
elegeram dois companheiros para o legislativo municipal legítimos
representantes da localidade ESPERANÇA e da localidade NOVO HORIZONTE( local fictício).
Tornando uma grande força sindical com a
tomada do sindicato dos trabalhadores rurais, nas eleições posteriores foi às
urnas para o pleito municipal elegendo o candidato ANTONIO COSTA e oposição às famílias
tradicionais latifundiários da região, de origem rural com a conscientização
feita com trabalho de base elegeu um trabalhador rural para Prefeito de ESPERANÇA.
Ao entrar na Sede do Poder Municipal de ESPERANÇA,
aquele menino JOSÉ MARIA filho de JOSÉ tinha crescido e fazia parte do governo
municipal, sentou-se na cadeira da Chefia de Gabinete do Prefeito e ali usaria
sua razão e emoção para fazer de uma reflexão uma lição de vida.
Aquele mesmo patrão que um dia humilhou sua
família CORONEL SILVEIRA retornaria ao cenário atual da vida daquele menino que
se tornou Chefe de Gabinete do Prefeito eleito pelo povo e teria que atende-lo.
Olhou
de sua sala e toda aquela situação de opressão retornaria em seu pensamento, ficaram
alguns minutos lembrando tudo que presenciou essa época onde a vida dos
seringueiros era sofrida e saiam para trabalhar entre as 04 horas da manhã ou
05 horas da manhã os seringueiros saiam para coletar o látex, obedeciam ao
sistema injusto do aviamento de mercadorias a credito, com preços altos.
O patrão cedia ao seringueiro mantimentos e
material de trabalho como botas, terçado, querosene e tabaco, e o seringueiro
pagaria a dívida com a produção de borracha, o preço das mercadorias era
injusto e nunca o seringueiro conseguia pagar sua dívida.
Depois de retirar o látex da árvore peneira
o liquido tirando as impurezas e adicionando o agente vulcanizador é levado ao
fogo por uma hora.
O látex era adicionado ainda na mata com
água de cinza, um conservante natural que impede a coagulação.
Os posseiros
burlavam e vendiam para os regatões que passavam, o comercio clandestino entre
os posseiros e donos das embarcações ficaram altamente perigosos e a força
regional passou a multar os donos de regatões, na época CORONEL SILVEIRA era o
maior comerciante de ESPERANÇA.
Foi uma época onde
os posseiros vivam numa situação da escravidão dos seringueiros que trabalhavam
no seringal do comerciante CORONEL SILVEIRA que se dizia dono de uma extensa
faixa de terra ficou claro a desigualdade e crueldade com o povo de menor renda.
Veio em seus pensamentos aquela luta diária
para tirar a colheita do açaí é
praticada por muitas famílias, sendo destinado ao consumo familiar.
O trabalho era feito frequentemente com seus
irmãos, uma para subir nos açaizeiros
e colher os cachos e outra para debulhar
os frutos, colocando o açaí em peneiros.
Uma lágrima chegou a cair em seus olhos
lagrimados, olhou para cima e mandou chamar o velho CORONEL SILVEIRA em vez de
usar o sentimento de raiva que sentia, usou a cordialidade e atendeu aquele que
um dia foi seu opressor.
"Pois, se perdoardes aos homens as suas ofensas, assim também vosso Pai celeste vos perdoará. Entretanto, se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas". (Mateus, 6, 14-15).
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